quarta-feira, 3 de junho de 2015

Valor Material vs Amor Maternal

Existe valor financeiro agregado ao amor?

Com certeza NÃO! Mas, e quando aquele lindo colar de pérolas que sua bisavó conservou e presenteou a sua avó que usou do mesmo cuidado para dá-lo à sua mãe e que um dia foi surpreendentemente entregue a você com todo amor, toda história e todo valor sentimental agregado?

Pois é, isso aconteceu comigo... Não foi beeem assim, não foi uma linda jóia e nem pertenceu a minha bisavó. Mas, recebi um presente lindo do meu avô, foi comprado com todo esforço e me dado com todo carinho, pois era algo que ele sabia que eu precisava muito e na época, não tinha condições de comprar.

Lembro-me da felicidade, satisfação, da gratidão que senti por aquele ato e compilei no objeto todos aqueles sentimentos bons. Procurei zelar, cuidar e esmerar para que durasse se não uma eternidade (até porque mesmo os materiais se deterioram com o tempo), mas o máximo possivel para que pudesse não só usufruir daquilo "com saúde", que pudesse a cada dia olhar para aquilo e lembrar do quanto fui sortuda em ganhar do meu querido avô algo tão significativo e bacana. Afinal, de uma família com cerca de 15 netos e bisnetos, foi pra mim que ele dedicou tempo, dinheiro e amor a me presentear tão somente.

Enfim, o objeto estava ali, em cima da mesa e eis que minha filha de 2 anos, num momento de birra, enfurecida por ser contrariada (já nem me lembro o porquê), simplesmente puxou o objeto pelo fio e o jogou no chão.

Eu fiquei TÃO nervosa, brava e ressentida que nem mesmo o meu instinto materno foi capaz de segurar a minha raiva. Briguei com ela, deixei-a de castigo e posso dizer que a desculpei depois de um tempo.

Entretanto, ao perceber que o objeto, esmerado, cuidado e estimado quebrou-se e será necessário consertá-lo (por ser algo realmente caro, o conserto também não será barato), mesmo sabendo que nem tudo está perdido e tem jeito para o acontecido, meu coração mesmo assim ficou ressentido e quebrantado.

Dizem que mães perfeitas não tem apego material às suas coisas e que são capazes de relevar o sentimento de perda. Se isso é real ou não, juro que neste momento, estou me sentindo menos mãe por não ser assim. Será que realmente as mães são seres perfeitos e totalmente dotados desse desapego material a coisas de valor sentimental incontável? 

E o que eu digo ao meu avô quando ele me perguntar? Eu omito e digo que está super bem? Certamente eu não contarei o que de fato aconteceu, pois isso o entristeceria de certa forma OU não, ele poderia quem sabe entender que ela ainda é uma criança e não tem entendimento de certas coisas... Eu sinceramente não sei, mas prefiro omitir e fazer pesar mais o meu zelo do que o "acidente".

O que sei de verdade é o quanto isso me afetou e me fez levantar um questionamento interno a pensar o quão desprendida das coisas eu sou, pois sempre me julguei uma pessoa desapegada de tudo e pode-se dizer até que de pessoas (logicamente algumas pessoas apenas). Mas isso mexeu mesmo comigo...

Podem me chamar de boba e até dizerem que sou materialista. Fato é: pelo menos por enquanto, não sou a mãe perfeita que idealizaram na propaganda de TV. Estou ressentida sim!

*Por Bruna Chufuli - siga nossa página no facebook clicando em curtir :-)

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