terça-feira, 29 de março de 2016

O bebê nasceu e você vai dar conta de tudo

Uma das afirmações que mais me assustam no universo materno é esse aí de cima. Quantas e quantas mães não se encantam por esse mantra, cantado diariamente, que até se orgulham de dizer que dão conta de tudo, sozinhas.

Passamos a gravidez já nos preparando para competir pelo troféu “Mãe do Ano” e, nessa corrida, cada sofrimento, cada angustia, cada lágrima, parece que conta mais um ponto. Eu, particularmente, acho essa situação muito perigosa.

É claro que há casos que teremos que nos virar mesmo sozinhas e, obviamente, vamos sobreviver. Porém, cuidado!


(papo entre mães)

- Será que o mundo está mesmo um lugar tão frio e egoísta que não tem ninguém, ninguém para te ajudar?

“Pior que não.  Lá em casa, o pai é um sem braço, minha sogra é sem noção e minha mãe é muito sem jeito, sabe? Prefiro cuidar sozinha.”

 - E babá? Uma babá de confiança poderia te auxiliar bastante.

“Não, imagina, do meu filho cuido eu. Faço questão de fazer do meu jeito”


- Mas, alguém para te dar suporte nos afazeres domésticos você vai ter, né? Sabe, quando o bebê nascer você vai dormir mal, comer mal e mal terá tempo para ir ao banheiro. Os pequenos demandam demais da gente e fica difícil até suprir as necessidades básicas. Imagina limpar, lavar, passar e cozinhar. Você também precisa se alimentar bem, sabia?

“Ah sim. Mas, eu vou conseguir. Minha amiga teve gêmeos e não tinha nem diarista!”

- É que os primeiros meses são muito puxados. É muita novidade. Amamentação exclusiva, livre demanda, a gente fica um caco. Emocionalmente e fisicamente, sabe? Também precisamos de carinho nesse período. Você vai se sentir muito cansada, seu corpo ainda estará se recuperando. A barriga não ainda será a mesma, os cabelos quebram, caem, a pele perde muito do viço. Olhar para o espelho não vai ajudar. Você – além do bebê – também vai precisar de colo. Alguém para acalmar o seu coração quando não conseguir acalentar a criança, para fazer uma massagem no pé ou um cafuné. Preparar um chazinho. Fazer umas marmitinhas delícias e deixar congeladas. Pode ser seu marido, sua mãe, sua vizinha. Não importa. Mas, sim você vai precisar de ajuda. Aceite.

“Nem pensar, nem quero visita em casa. Se alguém ligar nem vou atender. Vou fingir que estou dormindo.”

- Mas, e se você se deprimir? Achar que não vai dar conta? Essas coisas acontecem. É muito bom conversar. Ter alguém por perto para te fazer rir, secar sua lagrima se você chorar, te socorrer se tropeçar.

“Nossa, mas você só tem coisa ruim para me falar, hein? Aff, que amiga!”

- Claro que não. A maternidade é mágica e com certeza vai te proporcionar momentos incríveis. No fundo, no fundo, eu também sei que você vai dar conta de tudo sozinha. Mas, a verdadeira pergunta é “A que preço?”.

A que preço, amiga?


Deixa o pai fazer papel de pai. A sogra fazer papel de vó, e sua mãe, fazer papel de sua mãe ainda. Todo mundo vai sair ganhando com isso. Inclusive, você e seu filho.
Por favor, permita-se.


Cinthia Fontoura
Mãe de 3

Pai fazendo papel de pai!

Como cuidar de dois bebês e a filha mais velha e ainda sobrar um pé livre?

(clique no link acima para ver o vídeo)

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sábado, 26 de março de 2016

Mais chocolate? Não, Flan de Beterraba!

Que atire a primeira pedra a mãe que nunca passou perrengue na hora de alimentar bem seus filhos. Aqui em casa é uma luta para fazer a Maria Eduarda comer beterraba, já não sabia mais o que fazer para a pequena aceitar.

Fiz panquecas, sucos, saladas, sopas e nada... a menina simplesmente não aceitava. Aí como ela ama pudins, flans e tudo que é sobremesa cremosa, tive a super ideia de fazer um Flan de Beterraba!

Fiz e deu super certo! Finalmente a minha Duda comeu e se lambuzou!

Anota aí a receita:





Flan de Beterraba

Ingredientes:

2 beterrabas cozidas
395 ml de iogurte de morango
2 envelopes de gelatina sem sabor
2 ½ latas da água do cozimento das beterrabas
1 lata de leite condensado

Preparo: 

Bata as beterrabas no liquidificador com um pouquinho da água do cozimento. 
Passe as beterrabas em peneira para fazer uma "papinha". 
Dissolva as gelatinas na própria água da beterraba (2 e 1/2 copos)
Volte com a papinha de beterraba para o liquidificador e inclua os demais ingredientes
Bata bem e leve para geladeira por aproximadamente 3 horas.

Para enfeitar:

Que tal um pouco de Chantilly para ficar lindo e ainda mais gostoso? Ou moranguinhos? Hummm




Agora é só se deliciar! E para você que fez cara feia...acredite! 
Ficou uma DE LÍ CIA!

Fiquem de olho no Blog! Estou testando outras receitinhas de legumes e volto para compartilhar o resultado em breve. 

Beijinhos e até a próxima!

Manoela Sena  - Porções de Amor Papinhas
www.porcoesdeamor.com.br
Facebook.com/porcoesdeamorpapinhas


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quinta-feira, 24 de março de 2016

Valeu Decora! Agradecimento #quarto3em1

Amamos!
Vocês já sabem que amamos a reforma do quarto. Mas escrevo novamente para dizer que amamos ainda mais o episódio #quarto3em1.

Aqui em casa ficamos em contagem regressiva para o início do programa (tipo virada do ano, sabe?) e em clima de final de copa do mundo (de ansiedade). Claro, a gente teve medo de ter ficado feia (e gorda), ter falado bobagem (tipo “mais maior” hahaha) e, ainda, de não parecer pais decentes (afinal, estamos abrindo um pouco nossa intimidade para o mundo).


Mas, nada, nada paga o preço da experiência proporcionada. Participar do Decora foi algo totalmente inusitado e, por isso mesmo, muito marcante. Foram várias boas surpresas, desde o primeiro telefonema da Laís até a estreia do episódio ontem. Quem não quer passar nessa vida e dizer que fez algo diferente? Que tem uma boa história para contar (como dizem vocês)?

E a nossa história ficou ainda mais bonita porque passou na mão da GW, nas mãos da equipe da produção, nas mãos da diretora, nas mãos dos câmeras que procuraram o melhor ângulo, nas mãos do editor que conseguiu, em meio a tantos retalhos, contar essa narrativa de uma forma tão bacana. Ah, e do responsável pela trilha sonora (perfeita)! E de tanta gente que colaborou e que nem fazemos ideia...

O time do Maurício Arruda então, nem se fala. Quando me perguntam do quarto, eu falo "ficou lindo de viver". Maurício, ficou LINDO DE VIVER! Uma festa de cor, luz e alegria dentro de casa. Uma "pequena cidade para colorir", não é mesmo? Quem disse que dia de chuva tem que ser triste? Não tem que ser não.

Mas, eu - tenho que confessar - que o troféu “morri de fofura” vai mesmo é para a Sabrina. Meu Deus, fui eu mesma que fiz? A verdade é que as crianças todas deram um show a parte.

Como disse Gabriel García Márquez «La vida no es la que uno vivió, sino la que uno recuerda y cómo la recuerda para contarla». É isso. Obrigada a todos vocês por contar de uma forma tão bonita a nossa história.

Valeu Decora! Valeu, mesmo.
Cinthia Fontoura e Família


Sobre  Episódio Quarto 3 em 1

Dizem que em coração de mãe sempre cabe mais um, mas a Cinthia e o Sandro levaram um susto ao descobrir que iam ter que arrumar espaço em casa não pra mais um, mas pra dois! Sobrou pra Sabrina, que vai ter que dividir o quarto com o irmão e a irmãzinha novos. Sobrou também pro Decora, que encarou a transformação com muita criatividade. Veja nas fotos a seguir!

Fotos: veja as fotos do episódio "Quarto 3 em 1.

Já para ver o vídeo "Antes e Depois", clique abaixo:


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1 Ano de #muitoalemdasfraldas gente!

Somos 3 mamães e amigas que cuidam do Blog. Não ganhamos nada mais $$$ , além do enorme prazer de nos ajudarmos nas aflições da maternidade!

Para gente continuar a #crescer precisamos da sua #ajuda, seja #colaborando com textos e mandando para gente, seja #divulgando e #compartilhando seus posts preferidos no face para os amigos.

Agora se você é nosso FÃ mesmo está convidado para entrar na nossa LISTAVIP e assim receber textos fresquinhos antes de todo mundo, antes até de postarmos no facebook. Inclua seu e-mail aí do lado direito da página e seja bem-vinda (o).



A todas mamães e papais que seguem nosso Blog e a todas as pessoas que colaboraram ao longo do ano com textos inéditos, muitas vezes tocantes e outras vezes muito divertidos, nosso MUITO OBRIGADA!.

"Nós sofre mas nós se diverte!" 


Cinthia Fontoura, mãe de 3
Janaina Muscari Bormann, mãe de 2
Bruna Chufuli Marcon, mãe de 1

sexta-feira, 18 de março de 2016

Ser mãe nunca foi tão difícil


Quando tive minha filha mais velha, há 18 anos, não tínhamos acesso à internet. As poucas informações que tínhamos vinham das revistas como Pais e Filhos e Crescer. As opiniões que escutávamos eram das nossas mães e tias, ou de amigas que tinham filhos. E era tudo tão, mas tão mais fácil e leve. 

A gente se preocupava com menos coisas, não tinha tanto julgamento, seguia os próprios instintos. E deu tão certo para mim. Minha filha é simplesmente um doce de pessoa, nunca me deu trabalho. Super saudável. 


9/52 – Mom’s Hug by Gordon (Flickr CC BY-SA 2.0)

Estava me lembrando que sempre a ninei para dormir e ninguém me criticava por isso. E ela dormia no meu colo até os 5 anos. Eu me sentava no sofá, colocava um travesseiro no braço do sofá e ela se deitava assim no meu colo até dormir e eu ou pai a levávamos para a cama. Nunca ninguém chegou para mim e disse: "não pode, ela tem que dormir sozinha, precisa ser independente". Ou então "não pode, você precisa ter criação com apego e fazer cama compartilhada". 

Ninguém falava nada. E eu não tinha nenhum conflito com isso. Era leve e natural. E ela, depois dos cinco anos, passou a ir para a cama sozinha. E ela cresceu e eu sinto uma saudaaaade de quando ela dormia no meu colo. 

Hoje tenho um casal de gêmeos de um ano. Todos se intrometem. Eles são ninados para dormir assim como a irmã foi. E sempre que falo isso alguém vem com um "você é louca, eles já deviam dormir sozinhos". Ou "eles precisam ser independentes". 

E então eu penso: eles vão crescer e vão dormir sozinhos. EU não vejo mal nenhum em dormir sendo embalado com o meu calor ou o do pai. Com uma canção doce de ninar. Com beijinhos leves e cheios de amor. 

Sei que quando crescerem serão independentes como a irmã mais velha e eu vou sentir a mesma saudade que sinto dela quando ainda tudo o que precisava era meu colo. E mesmo sabendo disso tudo, os dedos apontados são tantos que me questiono se estou certa. 

Acho a maternidade de agora muito mais sofrida e angustiante do que antes.

Vanessa Talarico
Jornalista, mãe de Giovanna (18 anos) e dos gêmeos Alice e Benício (1 ano)


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terça-feira, 15 de março de 2016

Clube do Bullying: Não deixe seu filho fazer parte disso

Sempre ouço relatos sobre crianças que sofrem ou fazem bullying e vim aqui hoje conversar com vocês sobre isso. Na verdade, vim me confessar.




Na minha época de estudante não usávamos a palavra bullying mas, sim, fazíamos isso. Lembro muito bem de exercermos nossa tirania infantil, em intimidações coletivas, sobre determinadas crianças e, claro, em outros momentos, nós mesmos estivemos suscetíveis a isso. Dessa forma, sempre fiz um esforço para pertencer a turma dos "legais" da classe porque se estivesse do outro lado, estaria – de certa forma- desprotegida.

Recordo bem de uma ocasião, quando duas colegas da classe brigaram comigo. O motivo da discórdia eu já não lembro, mas o fato é que meus amigos, sem eu saber, mas em minha solidariedade convenceram metade do colégio a jogar milho nas meninas, na hora da saída. Eu só lembro que me diverti muito com a chuva de milho (apesar de não entender o real impacto daquilo) pois estava bem brava naquele dia.

Quinze anos depois, encontrei uma dessas meninas em um barzinho e, já jovem, ela me disse. “Claro, que lembro de você, vocês jogaram milho em mim".  Na verdade, não sabia se ela falou aquilo para eu rir ou para eu chorar, fiquei totalmente envergonhada.

Em um segundo episódio, estávamos na sala de aula em um colégio importante da cidade e uma das colegas da sala (que fugia ao padrão de beleza) se levantou para responder uma pergunta. De repente, soou o coro da classe toda gritando "Demônio, demônio".

Dessa vez, eu já não era tão bobinha e fiquei muito chateada de ver aquilo e, ainda mais, de ver o professor ficar quieto. O mais comum naquela época era termos professores omissos nesse tipo de caso. Eu também me mantive quieta, afinal, tinha acabado de entrar no colégio e, obviamente, depois dessa, preferia ainda mais fazer parte do grupinho "legal” de amigos.

Não sei exatamente as consequências dessa violência psicológica (ou em outros casos, física) na vida adulta dessas pessoas e nem mesmo o tamanho dessas cicatrizes. Porém, hoje, como pedagoga e, principalmente, como mãe, percebo o quanto eu tropecei nesse caminho.

Acontece que, semana passada, minha filha de 8 anos estava folheando um "livro de regras do clube das meninas" (eram sulfites coladas em forma de livro), onde se lia:

Regras comuns:
1 - Não brigar
2 - Não faltar às sextas feiras
3 - Não falar com a “fulaninha”

Ops, como assim? Não falar com a “fulaninha”?  Perguntei em tom áspero para minha filha, mas não deu tempo dela responder (nem de eu dar o sermão que minha angústia pedia) pois já estava atrasada para entrar na escola. Aquilo me remoeu o dia todo. O que eu deveria fazer?

Poderia conversar só com minha filha e isto resolveria o meu problema já que proibiria ela de participar desse clubinho.  Porém, eu não resolveria em nada o problema da “fulaninha”, excluída, certamente por algum motivo fútil, do convívio das outras meninas.

E, se, no “livrinho de regras” estivesse o nome da minha filha? Eu não ia gostar nada e iria sofrer junto com ela. Foi só me colocar no lugar da menina e no lugar da mãe da menina para instintivamente saber o que seria "o melhor a fazer".

Decidi conversar diretamente com a professora (felizmente muito mais consciente do seu papel fundamental na solução de conflitos) e o bilhete foi entregue na sua mão para que tomasse as providências cabíveis. Conversei também com minha filha, claro, em particular, que logo se comprometeu a sair "do clubinho".

Se quero um mundo melhor para meus filhos, devo deixar filhos melhores para o mundo, não é mesmo? Mamães, não podemos deixar que nossos filhos façam bullying. Não que eu ache tão terrível quanto nossos filhos sofrerem bullying. Eu acho muito, muito pior! É nosso dever de casa.


Jan M Bormann
Pedagoga e Mãe de dois filhos


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quinta-feira, 10 de março de 2016

Princesa x Mulher Maravilha

"Por que se vestir de princesa é lindo, mas se vestir de super-herói é o máximo, mamãe?" Porque vivemos em uma sociedade machista, meu amor. Só isso. As mulheres estão buscando sua independência há décadas e ser a super-heroína da própria história ainda é nosso objetivo principal.

Até 1960 o modelo das famílias era totalmente patriarcal, ou seja, o homem mandava na casa e obedecia a mulher que tinha juízo. Conseguir um bom casamento e ser a esposa perfeita era a meta de qualquer mocinha de respeito. O amor era então somente um curto prazer dos inconsequentes. Minhas avós que o digam.


Foto de Suzanne Middelberg, galeria wonderwoman.

Minha avó paterna era ótima bordadeira, costureira, cozinheira. Aos 15 anos, foi levada do interior do Espírito Santo para ser dama de companhia de mocinhas ricas no Rio de Janeiro. Ensinava as meninas as prendas domésticas e as acompanhava ao teatro. Virou modista, fazia até vestidos de noiva. Conheceu um lindo moreno de olhos verdes. Logo casou-se e trocou a moda por esporádicos serviços de costura em casa. Criou 6 filhos, quatro seus e dois do coração. Meu avô paterno morreu cedo e minha avó então ficou sem chão. Não sei em quantas casas morou de aluguel (meu pai diz que foram mais de 20). Certamente ela procurava alguma coisa, algum porto seguro, algum lugar melhor no mundo. Mas, acho que nunca encontrou.

A família da minha avó materna veio de Portugal para fugir da fome, viram muita gente morrer ao longo da viagem de navio. Contavam que jogavam corpos ao mar, todo dia. Talvez, por isso, minha vó queria ser enfermeira. Mas seu pai não deixou. “Onde já se viu mulher direita trabalhar fora?” Então  vovó conheceu um rapaz alto, de olhos azul piscina e casou-se aos 19 anos. Trocou a cidade grande pelo campo, teve 4 filhos e guardou o sonho na gaveta. Não só o de trabalhar com enfermagem mas, certamente, muitos outros. Minha avó tinha mesmo os olhos tristes. Um olhar não mente.

Já minha mãe quis fazer diferente. Queria ser independente. Mesmo antes da Revolução feminista (meados dos anos 70) resolveu estudar. Naquela época, as mulheres não tinham muita escolha e as poucas opções de trabalho feminino fora de casa estavam ainda relacionadas a “arte de cuidar”. Você podia ser enfermeira, secretária ou professora. Podia, mas enfermeira e secretária ainda carregavam um viés sexy demais para mocinhas direitas. Minha mãe então escolheu a pedagogia. O uniforme com sainha de pregas e sapatos de boneca camuflava seus princípios feministas. A melhor escolha para quem queria gritar para o mundo “Posso ser linda e inteligente, você vai ver!”.

Cá com meus botões, linda sempre foi um dos adjetivos mais importante para a mulher em todos os tempos. Se você nascesse bonita (e tinha que ter a sorte porque naquele tempo não existia o artifício da cirurgia plástica) tinha muito mais chances de conseguir um “bom partido” para “subir na vida” e “abrir as portas” da sociedade. Ou seja, você precisava de um homem, para ter uma situação financeira estável e ser respeitada.

Em contrapartida, inteligente devia ser o adjetivo mais importante para os homens. Se você fosse inteligente, mesmo que não fosse “abastado”, teria chances de “enricar” e casar com uma “bela donzela (virgem)” e se afirmar perante a sociedade.

Mas, voltando a história da minha mãe, ela foi a primeira da família a fazer faculdade e tem o maior orgulho disso. Lecionava para viver a liberdade que buscava. E, assim, pode encontrar um novo tipo de amor. Um amor que permite que você não precise ficar junto para sempre, mas sim que você escolha ficar junto para sempre (ou não). Ela conseguiu sua independência de pai e de marido. Casou com 25 anos e teve dois filhos lindos (com direito a licença poética).

Hoje, é avó de 5 netos, sendo 3 princesas que, ao longo da vida, certamente colocarão também o traje de mulher maravilha. “A verdade é que ninguém é realmente independente sem antes conseguir a independência financeira, minha filha”. Pois é, essa é a mais pura verdade.


Por Cinthia Fontoura, mãe de 3 

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segunda-feira, 7 de março de 2016

Violência Doméstica: Como Fênix, eu renasci das cinzas

A cada três mulheres no mundo, uma sofre agressão conjugal. No Brasil, a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas por seus parceiros. Por isso, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher (8 de março), venho falar deste assunto tão delicado, que me toca muito e que afeta milhares de mulheres no mundo todo.

Há quem diga que essas mulheres são vítimas do seu próprio medo, há quem diga que não saem desta vida porque não querem, há quem diga que jamais conseguiriam se separam do homem "da vida delas", há quem diga que são pelos filhos que aceitam a vida que levam, há quem diga isso ou aquilo, mas só quem sabe o que vive, o que sente, o que suporta, são elas mesmas!

Eu fui vítima de violência doméstica e vou contar minha história para vocês:



Moro na França há 7 anos e deixei tudo no Brasil para viver uma vida feliz e formar uma linda família com aquele que, meses depois, passaria a ser meu agressor. No início, ele era perfeito. Sabe aquele homem que te acorda com café da manhã na cama? Eu conheci. Sabe aquele que te liga só para ouvir tua voz? Eu conheci. Sabe aquele que não espera a data do teu aniversário para te encher de presente? Eu conheci. Sabe aquele que te envia um sms só pra dizer que esta sentindo falta da sua voz? Eu conheci. Sabe aquele que acorda de madrugada só para te ver dormindo e te acordar para dizer que você é a mulher mais linda do mundo? Eu conheci. 

Sabe aquele homem que te insulta, te chama de coisas horríveis e te deixa mauzona? Eu conheci. Sabe aquele que encontra problema em tudo só para colocar a culpa em você, te responsabilizar por coisas que você nem imagina que existem? Eu conheci. Sabe aquele que começa a subir o tom da conversa, te dá um empurrãozinho no ombro e que acaba te jogando no chão? Eu conheci. Sabe aquele que se deita do teu lado para dormir e que você vira e chora a noite toda com medo de dormir e não acordar viva? Eu conheci. Sabe aquele que te deixou sem comer, que escondeu as agendas, que coloca o telefone fixo no bolso para impedir que você ligue para alguém pedindo socorro? Eu conheci. Sabe aquele que mente, que contorce a verdade, que fala que você não vale nada só para se sentir maior e todo poderoso? Eu conheci. Sabe aquele que, na hora da raiva, não se controla, quebra tudo que tem na sua frente e não respeita as crianças? Eu conheci. Sabe aquele que se sente bem em te manipular e que, às vezes, você fica confusa e quase achando que ele tem razão mesmo e que quem não presta é você?  Eu também conheci.

Sim, conheci esse lixo de pessoa e, hoje, com muito orgulho e cabeça alta, falo que eu venci. Passei por tudo isso e mais um pouco, mas eu venci! Venci aliada à verdade, à minha coragem que busquei nem sei de onde e ao amor por minha filha. Minhas forças vieram deste pequeno ser que, na época, tinha apenas meses. Quantas vezes eu a coloquei dentro do carrinho de bebê e sai pelas ruas, às 21h, sozinha, no frio, no escuro. Saia para não enlouquecer, para me proteger, saia sem rumo, saia daquele inferno para não ficar louca. Sem amigos, sem família, sem ninguém, eu passei longas noites imaginando como sair daquela situação, sem emprego, sem casa, sem nada e com tudo: coragem e minha filha nos braços.

Em uma noite de novembro, após uma briga feia, eu decidi ligar para a polícia. Vieram em casa e puderam presenciar a cena. Fui embora naquela noite mesmo com ajuda de uma conhecida brasileira (e, pasmem, ex mulher daquele monstro) que me acolheu na casa dela com minha filha. Lá eu tive conforto, segurança e paz, coisas que eu não vivia há tempos. Naquela noite eu revivi, me senti como Fênix que renasce das cinzas. Foi o início de uma nova vida.

Entrei na justiça, o denunciei, ele foi julgado e condenado. Tive apoio e acompanhamento necessário para me reerguer em meio a todo esse conflito. Tudo era tão confuso na minha cabeça… imagino como era na cabecinha da minha filha que, na época, tinha só 14 meses. Ela, assim como eu, sofreu demais. Assistentes sociais e psicólogos puderam nos ajudar, tanto psicologicamente quanto financeiramente, porque eu não tinha trabalho, não tinha dinheiro nem para comprar o leite, mas nunca passamos um dia sequer sem nada na geladeira. Moramos sozinhas, tivemos apartamento e ajuda do governo até conseguirmos autonomia. 

Minha mãe, minha fortaleza, sempre preocupada comigo nunca me desamparou. A vontade dela era que eu pegasse o primeiro avião e voltasse para o Brasil, mas eu não queria isso para mim e nem para minha filha. Nosso destino estava traçado aqui, eu sentia isso, e voltar não era a melhor solução naquele momento. Demorei meses para me estruturar psicologicamente, vivia com medo, triste e chorava demais. Tive início de depressão e minha filha também precisou de acompanhamento clínico pois ficamos com sequelas graves de tudo que o pai nos submeteu. Creio e tenho fé que um dia tudo entrará em ordem na sua cabecinha pois, agora, ela é uma criança muito feliz e, eu, uma mulher realizada.

Conheci, finalmente, um homem de verdade, que me assumiu com todas as minhas cicatrizes, dores, e que me apoia muito. Cuidou de mim, da minha filha, e cuida até hoje. Casamos e temos mais um menininho. Formei uma linda família, meu orgulho e meu tesouro mais precioso. Quando olho para trás e vejo o que vivi, o que passei, e onde cheguei, eu sinto muito orgulho de mim, da força que tive. 

Eu me superei, mas muitas mulheres ainda são vítimas de violência doméstica todos os dias. E é por elas que eu escrevo. É por você, guerreira! Por você que se pergunta: "Como eu vou conseguir?" Eu te digo, "Sim! Você consegue porque você é forte!" Para você que acha não ter mais força, eu te digo: "Sim! Você é guerreira e não merece viver nessa vida infeliz! Olhe para frente, planeje, projete uma nova vida, um amanhecer sem choro, sem angustia e você verá que também pode renascer das cinzas e voar. Somos mulheres, somos força e coragem! Busque tudo isso dentro de você, encontre-se, não tenha medo de recomeçar, não tenha medo dos obstáculos. Sua nova vida só depende de você dar o primeiro passo, hoje. Acredite, vai valer a pena."

Samara, 31 anos, mãe de dois filhos.
Formada em Letras, a brasileira mora na França há 7 anos.


Ligue 180 - Como funciona?

A Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 é um serviço de utilidade pública gratuito e confidencial, oferecido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. O atendimento é oferecidos 24 horas por dia, todos os dias, inclusive sábados, domingos e feriados. 

Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres


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quarta-feira, 2 de março de 2016

Trombofilia, 2 abortos e 37 semanas de luta

Meu nome é Tatiana e vou resumir, entre uma mamada e outra minha história:

Comecei a tentar engravidar aos 35 anos e, depois de seis meses, recebi a notícia que estava grávida! Porém, essa alegria durou apenas 1 semana. Tive um sangramento e perdi meu primeiro bebê. Especialistas confirmaram que era perfeitamente normal acontecer abortos espontâneos nas primeiras semanas de gestação e que não era motivo para grande preocupação. Dessa forma, depois de dois meses, fomos liberados para tentar novamente.


Mais uma vez engravidei e durante a tão sonhada ultrassonografia para ouvir os batimentos cardíacos do feto fomos arrebatados por um imenso silêncio. Mais um aborto. A dor dessa vez foi avassaladora, além de lidar com o impacto da notícia que se repetia, tive que seguir procedimento e ficar uma semana aguardando para fazer nova ultra e, em seguida, a curetagem. Um sofrimento que não desejo a ninguém. Peito de grávida, cara de grávida e o peso da morte precoce na minha barriga.





Entramos então em uma nova etapa exaustiva, fisicamente e psicologicamente, o da investigação laboratorial das causas do abortamento. Foram mais de 100 exames, fui virada do avesso. Mas, pela graça de Deus, descobrimos o que eu tinha: Trombofilia. A Trombofilia causa alteração na coagulação sanguínea, com conseqüente aumento do risco de obstrução dos vasos sanguíneos (trombose) e, por isso mesmo, traz grandes riscos tanto para a mamãe quanto para o bebê.


Apesar do medo de uma nova perda, agora já conhecíamos meu inimigo e já sabíamos como combatê-lo. Após seis meses fui liberada para tentar novamente e, em um mês, já estava grávida. Mas, e o dinheiro para comprar as injeções diárias do anticoagulante?


Fui imediatamente ao posto do SUS com a esperança de receber a medicação gratuitamente. Fiz o cadastro, passei em consulta e oficializei o pedido em carácter de urgência. Mas nunca tive resposta. Cada dia sem o remédio diminuiria as chances do meu bebê sobreviver, e quem tem trombose não pode esperar!


Mas não ficamos desamparados, através da minha médica, descobrimos que uma de suas pacientes tinha meses de medicação, da qual não precisaria mais, para me doar. Meu marido também comentou da nossa aflição com um amigo, e esse amigo comentou com outro amigo, que também se solidarizou com a nossa dor e se ofereceu, anonimamente, para arcar com a outra parte do custo da medicação. Dois anjos em nossas vidas que atendem pelo nome de solidariedade. Aos nossos financiadores de sonhos, meu eterno obrigada.


Durante toda a gestação (e no puerpério ) tomei enoxaparina sódica injetável na barriga. Foram quase quinhentas injeções, aplicadas por mim mesma com muita coragem. Afinal, era minha bênção que eu estava carregando.


Dia 29 de setembro acordei com um pressentimento, uma angústia, não sentia meu bebê mexer com antes, eu sabia que algo estava fora do controle novamente. Fui ao Pronto Socorro, fiz exames, fiquei em observação, e meu coração acelerou ao ouvir a frase: "Precisamos tirar logo esse bebê da sua barriga!"


Foi uma correria, um parto de emergência trouxe o amor da minha vida, minha razão de viver. Meu Luiz Bento. Prematurinho de baixo peso, Bento sofreu ainda uma pausa respiratória e uma infecção, contudo, dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, da qual sou devota, fomos para casa.


Foram 37 semanas de luta para conseguir nascer e 13 dias de luta na UTI para sobreviver. Mas, hoje, aos 5 meses, meu filho está super saudável, grande e risonho. E, a cada dia que passa, fico mais apaixonada pelo meu guerreiro que venceu, ainda tão pequenininho, desafios tão grandes da vida.


Aí, me perguntam se eu tomaria as 500 injeções novamente. E eu respondo: “Uma por uma!”


Tatiana Gregio S. Bellini

Esposa de Luiz e mãe de Luiz Bento
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Mas, afinal, o que é Trombofilia Dr?

Dra. Solange A. Monteiro, ginecologista e obstetra, conversa com a gente e tira as principais dúvidas sobre a doença. Confira:



Trombofilia é a mesma coisa que trombose?

A trombofilia é a propensão para desenvolver trombose (obstrução dos vasos sanguíneos devido o aumento da coagulação sanguínea) e pode ocorrer por mutações ou deficiências na produção dos fatores de coagulação.


Qualquer pessoa pode ter Trombofilia?  

A trombofilia pode ser hereditária ou adquirida. Nos casos de trombofilia adquirida, a obesidade, o tabagismo, o diabetes, a pressão alta e mesmo o uso de anticoncepcionais são fatores de risco.


Qual a relação entre Trombofilia e abortos de repetição?

As portadoras de trombofilia têm mais chance de apresentar complicações na gravidez, incluindo abortos de repetição, hipertensão, restrição de crescimento intra-uterino (RCIU) e parto prematuro.
Importante lembrar que existem vários tipos de trombofilias, mas a SAAF (Síndrome do anticorpo antifosfolípede) é a responsável por cerca de 16% dos abortamentos de repetição. De qualquer forma, apenas 0,5 a 4% dos casos de paciente com trombofilias desenvolverão complicações na gestação.


Mas, por que muitas mulheres só descobrem a Trombofilia na gestação?

É que nesse período há um aumento natural da coagulação do sangue (hipercoagulação) justamente para ajudar na contração uterina e no controle da hemorragia pós-parto. Porém, a chance de produzir trombos que podem obstruir vasos da placenta e ocasionar abortos precoces de repetição, óbito fetal, descolamento prematuro de placenta e eclâmpsia precoce também aumenta.


Por que é tão difícil obter o diagnóstico precoce da Trombofilia?

A trombofilia associada a problemas na gravidez muitas vezes é assintomática, o que acaba dificultando o diagnóstico. É uma inimiga silenciosa, não detectada em exames de sangue de rotina, apenas em exames específicos, que só costumam ser solicitados quando há antecedente familiar ou abortos repetidos.


A Trombofilia pode ter influência na (in)fertilidade?

Essa ligação é considerada incerta no mundo científico, porém o tratamento da trombofilia costuma melhorar as chances de uma gravidez de sucesso. A doença também estaria relacionada à dificuldade de implantação do embrião ou, como falamos, abortos de repetição (quando há perda de 3 gestações seguidas).


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