sábado, 24 de setembro de 2016

Choro de criança no mercado

Toda semana passo no mercado rapidinho para comprar alguma coisa “essencial” que esqueci da última vez. Logo que entrei, me deparei com uma mãe dando pito na filha, que devia ter uns 7 anos: “Não adianta chorar, chorar não vai fazer mudar sua nota!”.

Logo me lembrei de um caso icônico da minha infância, nessa mesma idade, quando a mãe de um amiguinho do colégio bateu no filho, na escola mesmo, quando soube das suas notas baixas durante uma reunião de pais.

O menino, lembro bem, arrancava os cabelos enquanto apanhava. “Eu sou muito burro mesmo!” deve ter sido a mensagem cicatriz deixada na sua mente. Para aquela mãe, a escolha certa era fazer o filho passar vergonha na frente de todo mundo, porque bater em casa, sem a humilhação pública, não seria mesmo tão eficiente.

gettyimages.com

Fato era que, naquela época, bater era normal. Fazia ainda parte da “educação infantil” utilizar de outros recursos para “doer mais”. Da palmada para a famosa chinelada era um passo. Certeza que essa era a segunda utilidade mais frequente das Havaianas, isso sem falar em varadas e cintadas... Já, hoje, uma cena dessas, iria da escola  direto para o Youtube, viralizando nas redes ao ponto de ganhar destaque no Fantástico.

Mas, voltando ao mercado, palco de muitas bizarrices familiares ao redor do mundo (de pai que prende o cabelo da filha no carrinho – essa tá quente porque viralizou essa semana – até birras homéricas de crianças esperneando no chão) comprei minhas coisinhas e acabei encontrando novamente mãe e filha na fila do caixa.

E a mãe continuava o sermão, “pára de chorar, tem que estudar, tem que se esforçar mais!” e criança, acuada, tentava conter as lágrimas. Quis mesmo dar um abraço nela... Mas, só consegui dar um sorrisinho de solidariedade para a menina, ainda com medo de a mãe ficar brava com a minha pequena tentativa de conforto. 

Se aquela mãe estava certa ou errada, não sei. O que vi e ouvi são pequenos fragmentos de uma história familiar que não conheço. Porém, o que realmente me incomodou foi o fato do sermão ter sido longo e público com o contundente intuito de “doer mais”. 



Cinthia Fontoura
Mãe de 3

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domingo, 18 de setembro de 2016

"Maternidade, depressão e 15 tentativas de Suicídio"

Eu só queria morrer, mas minha filha completaria 17 anos no dia seguinte e, apesar de não falar comigo há quase 2 anos, não queria marcar dessa forma essa data.
Eu só queria morrer, mas tinha outras 2 filhas menores, 9 e 6 anos, que inocentes, não entendiam o porque de terem ido morar com o pai.
Eu só queria morrer, mas não queria ficar apodrecendo dias na minha cama até que alguém, por algum estalo, se lembrasse de mim.
E eu só queria morrer mas fui chamada de hipócrita, egoísta e que romantizava meus "fins".



Para querer morrer, só basta estar doente. Ser mãe, filha, irmã, esposa, nessa hora, não quer dizer nada. 


Infelizmente, ninguém quer dizer nada quando você está doente. A depressão, eu posso comparar a uma catarata nos olhos. Sua vista está lá, inteira e saudável, mas por cima tem essa nuvem. Se retirada, você volta a enxergar normalmente. É assim a depressão, é como uma sombra na frente dos seus pensamentos.


Foto retirada do site: http://hocowellandwise.org/

Advogada, médica, engenheira, professora... sim todas elas podem ser vítimas de depressão e infelizmente acabar em um suicídio. Avó, mãe, filha, neta, são passíveis de serem afetadas pela doença. Há pouco tempo um médico psiquiatra retirou sua vida com ingestão de substâncias em Friburgo. Ele também precisava de ajuda. 

Enfim, qualquer pessoa do sexo masculino ou feminino pode ser afetada pela doença e não existe NADA e nem NINGUÉM que seja motivo para um depressivo não cometer suicídio (se chegar nesse grau). 

Essas pessoas só querem um abraço apertado, sem muitas palavras, sem tentar convencer do contrário, apenas um abraço e um "conte comigo, vou te ajudar a melhorar". Um abraço e presença já são suficientes para ajudar um depressivo que está pensando em suicídio. 

Escute e dialogue. Saiba a hora do silêncio, mas também a hora de puxar pelo braço para um banho. Amizade, paciência e amor são indispensáveis.

Daniela Leite,
Filha, mãe de 3 meninas, irmã, já passou por mais de 15 tentantivas de suicídio e mais de 8 internações em um
hospital psiquiátrico. Em tratamento há 6 longos anos e sem perspectiva de alta ambulatorial.

Rio de Janeiro, 12 de Setembro de 2016.

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Esse mês de Setembro Amarelo temos uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Saiba mais

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Mãe Coruja – Você conhece essa expressão popular?

A expressão surgiu com a fábula "A Coruja e a Águia", do escritor francês La Fontaine, também reescrita por Monteiro Lobato, e que traz como moral da história outro provérbio famoso que é “quem ama o feio, bonito lhe parece”.

É isso mesmo que acontece com as mães! É tanto amor, tanto amor que ficamos cegas e achamos mesmo que nossos filhos são sempre os mais lindos, inteligentes e fofos do pedaço. Estranho é se fosse diferente (risos). 


Por isso, tenha paciência com as mamães que ficam babando nas crias por aí e enchendo sua timeline com fotos e mais fotos dos pequenos. Afinal, você também deve ter a sua dose de Mãe Coruja! Relembre a fábula:

A coruja e a águia (Monteiro Lobato)

Coruja e águia , depois de muita briga resolveram fazer as pazes.

— Basta de guerra — disse a coruja. — O mundo é grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.

— Perfeitamente — respondeu a águia. — Também eu não quero outra coisa.

— Nesse caso combinemos isso: de ora em diante não comerás nunca os meus filhotes.

— Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes?

— Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial, que não existe em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.

— Está feito! — concluiu a águia.

Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.

— Horríveis bichos! — disse ela. — Vê-se logo que não são os filhos da coruja.

E comeu-os.

Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi justar contas com a rainha das aves.

— Quê? — disse esta admirda. — Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste…


Fonte: Fábulas, Monteiro Lobato, São Paulo, Brasiliense, s/d, 20ª edição.



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Desabafo: "Só queria sentir aquela paz das fotos de maternidade. Será que estou depressiva?"

"Tô aki chorando sentada no meio dos dois (bebês gêmeos) que acabaram de dormir depois de um show de choros e berros ... tentei dar o almoço (q eu fiz com mto carinho pensando em td ... Se é saudável, se está gostoso, se tem 500 cores... como tem q ter). Mas o almoço foi um fiasco. 

Cuspiam, choravam, comeram só metade do prato ... estavam morrendo de sono ...e eu agora estou exausta. Estou tão cansada... tenho q ser uma ótima mãe, amar incondicionalmente, sorrir, ficar sempre linda, arrumada e cheirosa ... Mas o q acontece, na realidade, é que estou de pijama até agora.

Meu cabelo só consegue ver água 1x na semana ... perfume o q é isso ?? Marido .. coitado cumpre perfeitamente seu papel de pai .. lava guarda a louca a roupa da janta troca a fralda me ajuda em tudo. É é muito presente. Mas e eu? Como fazer para cumprir o meu papel de mulher com ele?? Coitado deve estar subindo pelas paredes.



Eles estão com gripe e não tem uma noite que não acordo pelo menos 5x, junto o meu marido, que tb está exausto ... Não sei como sair dessa situação... só queria sentir aquela paz q mostra aquelas fotos de maternidade.

Tô aki, acabada, com tantos sentimentos misturados que aquele amor lindo que toda mãe sente eu agora não tô sentindo ... na verdade não sinto nada ... só vontade de chorar. Mas nem isso eu posso porque tenho que arrumar a casa, lavar a louça, lavar e pendurar a roupa e pensar no jantar dos meninos né... porque o meu e do meu marido nunca existe ... 

Me ajudem, só eu sinto isso? Será que estou depressiva? Tenho medo .. Tô sem paciência sabe... pensei na escola mas as boas não dá pra pagar ... empregada também não .. enfim, sou eu e Deus. 

Sou péssima mãe né? Me cobro tanto e não consigo ser melhor ...... me ajudem ... me julguem ... sei lá ... e ainda sei q não posso reclamar porque tenho uma casa, um marido legal, uma família que me ajuda muito e dois filhos lindos e saudáveis.

Mas, mesmo assim, me sinto derrotada." 

Ju R, Mãe de gêmeos
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