quinta-feira, 25 de junho de 2015

A violência grita porque é surda



Meus filhos mudaram não só o meu dia-a-dia, mas toda a forma de me relacionar com o mundo. Nas novas regras do jogo da minha vida, antes do “para mim” agora vem o “para os meus filhos”. Ou melhor, o “para os meus filhos” se faz parte essencial do novo “para mim”. 

Para mim, um mundo melhor agora é essencial e não mais um desejo poético e utópico! Mas não é essa realidade que vejo no telejornal. As tragédias da vida acontecem em quantidade máxima, ilustradas por imagens chocantes e argumentos contraditórios, a cada edição. Desligo a TV. 

Quem sabe assim a realidade da intolerância, da agressividade e da desigualdade social ficam reservadas ao mundo lá fora? Mas os sons das buzinas dos carros e da briga familiar no vizinho ainda entram pela minha janela. Perco o sono. Ligo novamente a TV e troco de canal, a espera de algo mais divertido e alienante. 

Por que a violência de sempre agora me incomoda muito mais? O drama da vida real parece menos suportável quando somos mães. Ficamos mais vulneráveis aos nossos próprios erros. Nossos próprios vícios. Sim, somos perigosos! No trânsito, no jogo de futebol, em um debate acalorado (por qualquer motivo desimportante). 

E me pergunto: Há quanto tempo nossos filhos “gritam” seus egos e achamos normal? Há quanto tempo “gritamos” nossos egos aos nossos filhos? Falta diálogo, falta paciência, falta empatia. Quanto mais bradamos nossas certezas, menos conseguimos ouvir as razões dos outros. 

A verdade é que a educação para a morte já está disseminada. Mas, a educação para a vida deve começar dentro de casa. A violência grita porque é surda. Escute, educar dá trabalho, e muito.

*Por Cinthia F

terça-feira, 23 de junho de 2015

A mãe que NÃO quero ser



Basta estarmos grávidas para começarmos a imaginar que ‘tipo de mãe’ seremos. Mesmo antes de esperar um bebê, muitas de nós, mulheres, fazemos mil planos sobre o que faremos ou não com nossos filhos. Traçamos um completo perfil da mãe que seremos e garantimos que ‘isso’ ou ‘aquilo’ jamais acontecerá conosco. 

Enquanto a chupeta, os mimos ou a cama compartilhada são as preocupações de algumas futuras mamães, outras estão mesmo determinadas a não mudar a decoração da casa ou mesmo deixar a criança chorar no berço para ‘aprender a dormir sozinha’.

Quando o bebê nasce, muita coisa muda. Não só as opiniões e decisões determinadas que mantínhamos antes de nossos filhos nascerem, mas também a forma como vamos lidar comcada nova situação, na maioria das vezes inesperada que surge praticamente todos os dias.

Nem tudo muda, é claro. Mas a maternidade nos torna maleáveis na medida que aprendemos que ‘bater o pé’ em determinadas circunstâncias pode ser exaustivo e não surtir efeito algum quando se trata da educação dos nossos filhos.

Às vezes, a gente muda tanto que nem as pessoas mais próximas nos reconhecem. Quantas e quantas vezes já ouvi aquelas frases terríveis que jamais alguém deveria dizer a uma mãe, principalmente de ‘primeira viagem’: “nunca achei que você seria boa mãe”, “você me surpreendeu”, “ué, mas você disse que não faria isso?”, etc.

Hoje, após quase dois anos do início da minha jornada como mãe, reflito todos os dias (já com certa propriedade) que tipo de mãe eu gostaria de ser, mas principalmente que tipo de mãe eu NÃO gostaria de me tornar. Graças a uma timidez absurda do meu pequeno, me tornei uma mãe que senta no chão e brinca em qualquer lugar: na sala de espera do consultório, em festas infantis, na casa de amigos, no restaurante... e gosto disso. Vejo que as outras crianças se aproximam, que elas sentem falta dos pais naquele momento. Aproveito para ‘enturmar’ meu pequeno que muitas vezes acaba entrando nas brincadeiras das quais não participaria se eu não estivesse por ali. Outro exemplo é que também me tornei mais paciente, afinal não quero ser uma ‘mãe que grita’. Às vezes as coisas saem um pouco do controle (como no dia que uma calculadora voou na minha cabeça), mas percebi que eu me sinto pior por ter gritado com ele, do que ele por ter sido alvo dessa agressão.

Na maioria das vezes, as coisas ainda saem do controle e não funcionam bem de acordo com aquilo que planejo e espero para minha família, por isso passei a criar diretrizes que me guiam no caso de um dia me perder na criação de meu filho.Sei exatamente que tipo de mãe não quero ser mas também tenho certeza que tudo pode mudar a qualquer momento porque criar um filho é uma das surpresas mais incríveis dessa vida e eu embarquei de cabeça, esperando que todas as experiências que ainda viverei me tornem uma pessoa mais evoluída todos os dias pois assim poderei dar seu meu melhor para o ser mais importante da minha vida!

*Por Carlinha M


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Viajando sem os pequenos



Tema difícil e controverso! Sempre dizia que faríamos viagens sem os filhos, antes mesmo de tê-los. Talvez algo em mim sabia o desafio que é ser mãe, mulher, esposa....ufa! Provavelmente eu já tinha no mínimo um palpite de que precisaria respirar sozinha...um pouquinho!  Enfim, na prática nunca havia feito isso tendo apenas um filho, com dois então, era meio surreal. Nem cogitava!

Aí, um belo dia, o maridão chegou com a notícia "ganhei milhas que nos garantem duas passagens! Vamos? Coisa rápida!". Um frio na espinha, foi o que eu senti na hora! Vou ou não??? Ai meu Deus!

Devo confessar que analisando bem, eu queria ter dito sim no segundo seguinte à proposta, mas eu tinha medo! Aliás...medos! Medo principalmente de ser julgada! Medo de que eu não fosse uma boa mãe, por sair viajando sem os filhos! Medo não! Acho que pavor era o termo mais apropriado! E o outro medo que eu sentia era de que algo de ruim acontecesse. E se eles adoecessem? E se não dormissem bem? E se chorassem? Ninguém melhor do que eu para resolver tudo! Eu tinha certeza que só eu resolveria! Enfim... Milhares de questões rondavam minha cabeça!

Após muito refletir, cheguei àconclusão que eu, sim, EU precisava daquilo! Uma viagem sem compromissos com filhos, sem horários para acordar, comer ou dormir! Por mais dúvidas que tivesse,eu sabia que seria fantástico para o casal estar ali, sozinho, como nos velhos tempos! 

E assim foi...fantástico! Maravilhoso! Me senti novamente namorando! Ganhei uns dez anos! Pena que a viagem foi curta, mas já foi muito boa! Revigorante em todos os aspectos!

Se senti saudades? Muitas! Muitas! Mas cuidei para que estivessem bem amparados aqui, durante minha ausência e desliguei um pouco! Falava só uma vez por dia e pedia a Deus que tudo desse certo! E deu!!!Por isso estou escrevendo essa experiência, para que saibam quequerer um pouco de diversão adulta não lhe inferioriza como mãe! E como dizia uma amiga...."mãe feliz se torna a melhor mãe do mundo"!Portanto,bora planejar a próxima???!!! 

*Por Hellen M

sábado, 20 de junho de 2015

O ponto fraco é o dia do mal



Percebemos a fragilidade de uma família, quando temos que passar a madrugada num hospital pediátrico!
Essa foi a frase que me veio na cabeça na última terça-feira quando precisamos (eu e meu marido) passar a madrugada no hospital com a nossa filha.

Ao chegarmos, o hospital estava vazio. Acredito que pelo horário, pois sempre procuramos chegar o mais tarde possivel para justamente pegá-lo menos cheio.
Aguardando a enfermeira chamar para a triagem, percebemos as caras dos pais que ali estavam: todos cansados, fadigados e principalmente preocupados. Era notório em seus rostos que não estavam contentes em passar a madrugada naquele lugar frio, branco e com cheiro forte de produto de limpeza.

Tudo bem que a equipe de arquitetura faz até uma forcinha pra apaziguar esse sentimento, usando poltronas coloridas, desenhos bonitinhos nas paredes e até fazem uma brincadeira lúdica ensinando as crianças que devemos manter nossas mãos limpas, espalhando monstros estilizados por todo o hospital. No entanto, ainda assim, é impossivel se entreter com qualquer coisa quando nosso ponto fraco (ou forte porque em vários momentos, nossos filhos é que nos dão força) não está bem. E até a grande TV sintonizada no canal Discovery Kids, não alegra nem o mais despreocupado dos pais.
Ainda na sala de espera me deparei com um casal que estava há hooooooras aguardando a sua bebezinha fazer xixi no coletor para exame. Davam suco, leite, água e NADA fazia a pobrezinha relaxar e urinar. Também, com toda a pressão das enfermeiras que instruiam a mãe a molhar as mãozinhas dela, deixá-la só de fralda, colocá-la num penico de metal... Pra quem está de fora tudo parece fácil!

Me lembrei naquela hora, da semana que precisamos enfrentar a mesma espera com a nossa própria filha que estava queimando em febre e o médico solicitou esse exame.
Naquela noite, pudemos ver como nada está sob o nosso próprio controle. Não podemos apenas ordenar: faça xixi e ela faz. NÃO! É da ordem fisiológica dela sentir vontade ou não e ainda mais sob pressão, não há xixi que desça!

Graças a Deus que pelo menos naquela noite esse exame não era essencial. No entanto, quase um mês depois, estávamos nós ali de novo. Mas desta vez a situação estava feia, e o tão temido exame teve de ser feito da pior maneira possível, através de sonda!
Ao vê-la ali, naquela posição e exposição, cheia de medo e agoniada por não saber o que estava acontecendo estávamos nós, pai e mãe apoiando e acalmando nossa filhinha.

Naquele momento passei a entender a expressão que meus pais usavam ao me ver doente: queria tomar pra mim, só para não ter que vê-la nesse sofrimento!
De sorte que ao menos a nossa filha, depois dos exames e consulta foi enfim liberada. Já a família da bebezinha que estava na longa espera pelo exame de urina, permaneceu naquele frio hospital sabe-se lá até que horas... 
Que Deus cuide das nossas crianças!

*Por Bruna CM



sexta-feira, 12 de junho de 2015

Feliz Dia do Pai dos seus filhos!



Quando a gente ama vale tudo! Vale? Se algum dia foi assim, hoje não é mais! Quando você ainda não é mãe, vale sim fazer loucuras, vale até um amor sofrido, se você é do tipo que gosta.

Aquela cara linda de cafajeste, aquela lábia afiada e convincente pode mesmo te levar ao delírio. Brigas intensas, DRs superficiais. Quem nunca passou por isso?

Tem gente que fica até viciado e passa a vida toda buscando esse amor intenso e desequilibrado, ora mocinho ora bandido.

Mas, depois de um tempo, muita dor de cotovelo, e músicas de corno, a gente percebe que esse tipo de aventura não vale mais a pena, que amor de verdade não pode ser isso.

A gente amadurece, e faz novas escolhas, buscando equilíbrio. A gente escolhe não só o nosso namorado ou marido, que é condicional e temporário, mas o pai dos nossos filhos, que é incondicional e permanente.

A gente descobre – finalmente – que não pode ser amor verdadeiro, se você ama sozinho.

Desejo e sexo tem sim que existir, mas respeito e admiração ganham o topo da lista.


Por Cinthia Fontoura

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terça-feira, 9 de junho de 2015

Professor de educação especial: profissão ou dom?


Quando optei por ser educadora especial me disseram tem que ter dom,mal sabia eu que aquela era só a primeira vez que iria ouvir aquilo,sim ao longo da minha vida profissional escutei muitas e muitas vezes isso.

Em primeiro lugar professor já é uma profissão bem mal vista no Brasil,muitas pessoas acham que ser professor é um dom.

Uma das profissões mais importantes que existem e extremamente mal remunerada.
Pior que nos professores especiais somos vistos como "pessoas de dom" até mesmo pelos nossos colegas ,professores do ensino regular,que acham incrível você ter optado por essa profissão(afinal não somos todos professores?)

Mas esse "dom" tem outro nome que eu chamo de aptidão, sim tenho aptidão pra educadora especial,não dom ,não nasci professora especial,me formei assim,tenho amor pela profissão sim,estudei muito pra isso(assim como todo profissional da educação).

Não fiz nenhum teste vocacional, aliás eu nunca sonhei em ser professora,nem magistério eu fiz,sim sou da época em que todos professores faziam magistério,fiz faculdade de publicidade e propaganda antes (metade ) não gostei,derepente me vejo fazendo pedagogia com ênfase em  deficiência,uma profissão incrível,difícil. 

Ser professor especial e ir trabalhar sem esperar grandes progressos, é sorrir quando um aluno leva um alimento a boca,mas também é estudar cada deficiência ou síndrome que você encontra em sala de aula,é  necessário ter tato,aptidão ou como chamam "dom" ,mas acima de tudo muito estudo.

É profissão não Dom.
*Por Jan M


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Três e Seis


Isso mesmo, três e seis. Eu sei, esse título, esse começo... quase não faz sentido. Sentido lógico não, mas sentido na alma faz. Há pouco tempo atrás falava da surpresa do resultado positivo e da vinda do caçulinha. Hoje me pego surpresa com outros sentimentos avassaladores.

Esse meu pequeno que veio com um recado mais ou menos assim: “não, mãe, você não pode controlar e programar tudo!" - me ensina muito a cada olhar, a cada suspiro.
Muito focada em resultados, eu estaria nesse momento treinando-o para dormir assim ou assado. Afinal, no auge dos seus 3 meses, cansada, estaria exigindo que ele esticasse a noite. Porém, ele sempre me exige, às três e às seis da manhã. Todos os dias,  ou melhor, nas madrugadas. Ele mama e se enrosca em meu colo.

Ali, eu esqueço que estou mortinha de cansaço e que preciso dormir. Então fico imaginando na diferença que estes momentos de apego farão para a vida dele. Mas fato mesmo, é que me sinto agarrando o tempo, segurando firme e dizendo: "eu estou aqui aproveitando tudo!". Sinto cada minuto de macacão gordinho agarrado a mim, e que sensação boa! (Contudo, não melhor que os sorrisos dele para mim)!!

Dizem que horas de sono perdidas, jamais serão repostas, mas não consigo desligar e, aqui me sinto assim, vendo o tempo voar e eu, implorando para ele me esperar. É... Mas não dá! Vai ser assim, ele vai crescer e eu me arrepender de ter deixado isso acontecer... hehehe

Ah... se eu pudesse, acho que os congelaria lá pelos 4 anos e eternizaria a infância, grudaria neles sem soltar. Mas tem aquela velha frase que tanto incomoda "filho cresce!!!". Verdade, cresce mesmo...e como?!! E rápido! Bem rápido! E cresce seguro e dono de si,  por conta de tantos abraços, de tantas três e seis, de tantos beijos, de tanto visitar dezoito shoppings, só para ter certeza que ele viu o papai Noel e que ele já sabe sobre o natal... de tanto eternizar momentos, de tanto a mãe aqui reclamar no colégio sempre pelo melhor, de tanto a mãe se preocupar se ele é feliz, se tem toque suficiente, atenção, afeto, se tem vivido o lúdico da infância, se já tomou banho de chuva, se ama suas festas de aniversário feitas por nós, na nossa casa.  É assim que filho amado cresce!

E nós, mães dedicadas que convivemos com esse jargão e nos lembramos que as noites eram fracionadas e os momentos de privacidades arrancados, temos certeza, quando olhamos para nossas crias, que tudo valeu a pena e que sim, "filho cresce", mas só nós sabemos a qualidade desse crescimento, dessa sementinha que foi regada incessantemente com nosso amor!!! Pode ser que em determinados momentos ou em muitos deles a gente sinta falta da festa que deixamos de frequentar, da carreira que deixamos de ascender, de viagens que ficaram para depois! Mas tenho certeza que sempre há tempo para coisas assim.


Contudo esse início, essa primeira infância será para sempre,  a alegria de nossas vidas e a base para o caminhar desses nossos anjinhos! 
E, assim já são seis e nesses devaneios nem percebi que não dormi, que perdi esse soninho restaurador entre três e seis. Parte de mim já sente o prejuízo físico do cansaço, mas a outra parte comemora e sorri!

Por que assim, ele estava nos meus braços envolvidos pelo amor. E eu ainda estou decidindo se me entrego a loucura diária que logo se inicia ou fico ali vendo a vida passar sob o olhar do meu bebê, imaginando e divagando sobre a vida. 

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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Mãe de UTI


Já tinha sido avisada que gravidez gemelar é sempre um risco, para as mães e para os bebês. Pensava que estava preparada, mas nada - nada - te prepara para enfrentar a UTI neonatal.
Minha médica dizia “Se nascerem de 37 semanas já é uma vitória. Normalmente nascem antes. Se prepara!”. E eles vieram antes mesmo, com 35 semanas a bolsa estourou e fomos para o hospital no meio da noite.
Desmentindo as medidas satisfatórias da última ultrassonografia, as crianças nasceram abaixo do peso esperado e foram direto para a UTI.  Sim, a gente sabe que a unidade de tratamento intensiva é o melhor lugar para eles estarem naquele momento, mas a gente também sempre espera que chegue logo a notícia de que vão ficar ali por pouco tempo. O que nem sempre acontece. Mãe de UTI vive horas longas.
Mas as vive intensamente. Ainda em recuperação pós-parto, as dores físicas incomodam, mas é o emocional que machuca mais. Diante da incerteza, da impotência e da incapacidade diante da realidade, resta fortalecer à fé. É preciso acreditar para não esmorecer. Mãe de UTI reza.
Mas também age. A rotina de visitas à UTI, ainda durante a internação, é bem puxada; as mamadas acontecem de 3 em 3 horas, dia e noite. Durante os intervalos o tempo corre mais rápido; é para tomar a medicação, se alimentar, tirar leite no lactário e descansar os olhos. Mãe de UTI não dorme.
Mas desperta amizades. Conversa com as outras mães como amigas de infância, conhece cada história... e a cada luto, chora; e a cada alta, abre seu melhor sorriso. Mãe de UTI é solidária.
Mas ainda assim é solitária. Receber alta sem levar o bebê para casa é quase desesperador. É preciso respirar profundo para buscar o ar no fundo do peito e manter a calma. Não que lavar a alma com lágrimas não seja permitido.
Mães de UTI vivem um dia de cada vez.
*Por Cinthia F. - siga nossa página no facebook clicando AQUI e apertando o curtir.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Quando me tornei apenas "mãe"!



Quando me casei, há mais ou menos cinco anos, decidimos fazer algo pequeno, um miniwedding. Queríamos convidar apenas as pessoas que eram importantes para a nossa história, além do que a família do meu marido mora no exterior e não poderia vir para a festa. Mesmo tudo sendo discreto e para poucos, alguns preparativos como a decoração e o vestido exigiram visitas a algumas empresas e profissionais. A partir do momento que comecei a organizar meu casamento me tornei: “a noiva”. Aquilo de certa forma me incomodava. Poxa, eu tinha nome!

Acredito muito na força que tem o nome das pessoas, é por isso que quando chegou a hora de escolher o nome do meu filho, sempre acreditei que essa eleição não poderia ser feita ao acaso e mesmo o sobrenome teria que transmitir de fato aquilo que desejaríamos que ele tivesse registrado em suas raízes.

Acabei de conformando com o fato de ser “a noiva”, afinal os meses se passaram, o casamento chegou, e tudo que envolvia os preparativos acabou, me deixando ser novamente “ a Carla” ou “Carlinha” como prefiro que me chamem os amigos.

Essa ‘felicidade’ terminou quando meu filho nasceu. Já na maternidade nós, eu e meu marido, nos tornamos “a mãe” e “o pai”. Mas tudo ficou ainda mais forte e evidente quando colocamos o pequeno na escola. Lá, todo mundo é tio ou tia.

Lembro-me quando levei meu filho para o primeiro dia de adaptação. Fazia questão de perguntar e memorizar o nome de todos os profissionais que ali trabalhavam, afinal eles lidariam com meu filho quase todos os dias e, o mínimo que eu poderia saber, seria o nome de cada um deles. Ficava tentando fazer associações com pessoas conhecidas para não esquecer um só nome sequer, mesmo que todos eles viessem precedidos de “tio” ou “tia”. Achei que com o tempo aquela generalização passaria e que as pessoas se chamariam pelos seus nomes...ledo engano! Até entre eles, os profissionais que trabalham na escola, todo mundo é tio ou tia.

Pode até parecer um pouco de maluquice todo esse bla bla bla, mas perder minha identidade e me tornar apenas mãe de certa forma me incomoda. Até em casa passamos a ser mamãe e papai. Aproveito pra dizer que amo ser mãe e meu filho é a coisa mais especial desse universo, mas parece que ser apenas mãe num universo tão grande pode ser ainda mais reforçador de um comportamento onde a mãe vive integralmente para o filho e não tem um minuto sequer para se dedicar a ela mesma.


Os instantes em que penso em mim ou em algo que eu gostaria de fazer se tornaram raros depois que meu filho nasceu, mas quando alguém me chama pelo meu nome ou me trata como alguém que é mais que apenas “a mãe” com certeza me faz lembrar sonhos e objetivos que ainda quero alcançar, seja na minha carreira profissional ou na vida pessoal. Seja ao lado da minha família ou sozinha. Um deles é viver num mundo em que uma pessoa não precise  ser apenas “a mãe” só porque teve a felicidade de vivenciar essa experiência indescritível que é a maternidade. 
Eu quero ser mãe, mulher, profissional e tudo mais que meus devaneios permitirem!

*Por Carlinha M. - siga nossa página no facebook clicando AQUI e apertando o "curtir"

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Valor Material vs Amor Maternal

Existe valor financeiro agregado ao amor?

Com certeza NÃO! Mas, e quando aquele lindo colar de pérolas que sua bisavó conservou e presenteou a sua avó que usou do mesmo cuidado para dá-lo à sua mãe e que um dia foi surpreendentemente entregue a você com todo amor, toda história e todo valor sentimental agregado?

Pois é, isso aconteceu comigo... Não foi beeem assim, não foi uma linda jóia e nem pertenceu a minha bisavó. Mas, recebi um presente lindo do meu avô, foi comprado com todo esforço e me dado com todo carinho, pois era algo que ele sabia que eu precisava muito e na época, não tinha condições de comprar.

Lembro-me da felicidade, satisfação, da gratidão que senti por aquele ato e compilei no objeto todos aqueles sentimentos bons. Procurei zelar, cuidar e esmerar para que durasse se não uma eternidade (até porque mesmo os materiais se deterioram com o tempo), mas o máximo possivel para que pudesse não só usufruir daquilo "com saúde", que pudesse a cada dia olhar para aquilo e lembrar do quanto fui sortuda em ganhar do meu querido avô algo tão significativo e bacana. Afinal, de uma família com cerca de 15 netos e bisnetos, foi pra mim que ele dedicou tempo, dinheiro e amor a me presentear tão somente.

Enfim, o objeto estava ali, em cima da mesa e eis que minha filha de 2 anos, num momento de birra, enfurecida por ser contrariada (já nem me lembro o porquê), simplesmente puxou o objeto pelo fio e o jogou no chão.

Eu fiquei TÃO nervosa, brava e ressentida que nem mesmo o meu instinto materno foi capaz de segurar a minha raiva. Briguei com ela, deixei-a de castigo e posso dizer que a desculpei depois de um tempo.

Entretanto, ao perceber que o objeto, esmerado, cuidado e estimado quebrou-se e será necessário consertá-lo (por ser algo realmente caro, o conserto também não será barato), mesmo sabendo que nem tudo está perdido e tem jeito para o acontecido, meu coração mesmo assim ficou ressentido e quebrantado.

Dizem que mães perfeitas não tem apego material às suas coisas e que são capazes de relevar o sentimento de perda. Se isso é real ou não, juro que neste momento, estou me sentindo menos mãe por não ser assim. Será que realmente as mães são seres perfeitos e totalmente dotados desse desapego material a coisas de valor sentimental incontável? 

E o que eu digo ao meu avô quando ele me perguntar? Eu omito e digo que está super bem? Certamente eu não contarei o que de fato aconteceu, pois isso o entristeceria de certa forma OU não, ele poderia quem sabe entender que ela ainda é uma criança e não tem entendimento de certas coisas... Eu sinceramente não sei, mas prefiro omitir e fazer pesar mais o meu zelo do que o "acidente".

O que sei de verdade é o quanto isso me afetou e me fez levantar um questionamento interno a pensar o quão desprendida das coisas eu sou, pois sempre me julguei uma pessoa desapegada de tudo e pode-se dizer até que de pessoas (logicamente algumas pessoas apenas). Mas isso mexeu mesmo comigo...

Podem me chamar de boba e até dizerem que sou materialista. Fato é: pelo menos por enquanto, não sou a mãe perfeita que idealizaram na propaganda de TV. Estou ressentida sim!

*Por Bruna Chufuli - siga nossa página no facebook clicando em curtir :-)