quinta-feira, 25 de junho de 2015

A violência grita porque é surda



Meus filhos mudaram não só o meu dia-a-dia, mas toda a forma de me relacionar com o mundo. Nas novas regras do jogo da minha vida, antes do “para mim” agora vem o “para os meus filhos”. Ou melhor, o “para os meus filhos” se faz parte essencial do novo “para mim”. 

Para mim, um mundo melhor agora é essencial e não mais um desejo poético e utópico! Mas não é essa realidade que vejo no telejornal. As tragédias da vida acontecem em quantidade máxima, ilustradas por imagens chocantes e argumentos contraditórios, a cada edição. Desligo a TV. 

Quem sabe assim a realidade da intolerância, da agressividade e da desigualdade social ficam reservadas ao mundo lá fora? Mas os sons das buzinas dos carros e da briga familiar no vizinho ainda entram pela minha janela. Perco o sono. Ligo novamente a TV e troco de canal, a espera de algo mais divertido e alienante. 

Por que a violência de sempre agora me incomoda muito mais? O drama da vida real parece menos suportável quando somos mães. Ficamos mais vulneráveis aos nossos próprios erros. Nossos próprios vícios. Sim, somos perigosos! No trânsito, no jogo de futebol, em um debate acalorado (por qualquer motivo desimportante). 

E me pergunto: Há quanto tempo nossos filhos “gritam” seus egos e achamos normal? Há quanto tempo “gritamos” nossos egos aos nossos filhos? Falta diálogo, falta paciência, falta empatia. Quanto mais bradamos nossas certezas, menos conseguimos ouvir as razões dos outros. 

A verdade é que a educação para a morte já está disseminada. Mas, a educação para a vida deve começar dentro de casa. A violência grita porque é surda. Escute, educar dá trabalho, e muito.

*Por Cinthia F

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