quinta-feira, 4 de junho de 2015

Quando me tornei apenas "mãe"!



Quando me casei, há mais ou menos cinco anos, decidimos fazer algo pequeno, um miniwedding. Queríamos convidar apenas as pessoas que eram importantes para a nossa história, além do que a família do meu marido mora no exterior e não poderia vir para a festa. Mesmo tudo sendo discreto e para poucos, alguns preparativos como a decoração e o vestido exigiram visitas a algumas empresas e profissionais. A partir do momento que comecei a organizar meu casamento me tornei: “a noiva”. Aquilo de certa forma me incomodava. Poxa, eu tinha nome!

Acredito muito na força que tem o nome das pessoas, é por isso que quando chegou a hora de escolher o nome do meu filho, sempre acreditei que essa eleição não poderia ser feita ao acaso e mesmo o sobrenome teria que transmitir de fato aquilo que desejaríamos que ele tivesse registrado em suas raízes.

Acabei de conformando com o fato de ser “a noiva”, afinal os meses se passaram, o casamento chegou, e tudo que envolvia os preparativos acabou, me deixando ser novamente “ a Carla” ou “Carlinha” como prefiro que me chamem os amigos.

Essa ‘felicidade’ terminou quando meu filho nasceu. Já na maternidade nós, eu e meu marido, nos tornamos “a mãe” e “o pai”. Mas tudo ficou ainda mais forte e evidente quando colocamos o pequeno na escola. Lá, todo mundo é tio ou tia.

Lembro-me quando levei meu filho para o primeiro dia de adaptação. Fazia questão de perguntar e memorizar o nome de todos os profissionais que ali trabalhavam, afinal eles lidariam com meu filho quase todos os dias e, o mínimo que eu poderia saber, seria o nome de cada um deles. Ficava tentando fazer associações com pessoas conhecidas para não esquecer um só nome sequer, mesmo que todos eles viessem precedidos de “tio” ou “tia”. Achei que com o tempo aquela generalização passaria e que as pessoas se chamariam pelos seus nomes...ledo engano! Até entre eles, os profissionais que trabalham na escola, todo mundo é tio ou tia.

Pode até parecer um pouco de maluquice todo esse bla bla bla, mas perder minha identidade e me tornar apenas mãe de certa forma me incomoda. Até em casa passamos a ser mamãe e papai. Aproveito pra dizer que amo ser mãe e meu filho é a coisa mais especial desse universo, mas parece que ser apenas mãe num universo tão grande pode ser ainda mais reforçador de um comportamento onde a mãe vive integralmente para o filho e não tem um minuto sequer para se dedicar a ela mesma.


Os instantes em que penso em mim ou em algo que eu gostaria de fazer se tornaram raros depois que meu filho nasceu, mas quando alguém me chama pelo meu nome ou me trata como alguém que é mais que apenas “a mãe” com certeza me faz lembrar sonhos e objetivos que ainda quero alcançar, seja na minha carreira profissional ou na vida pessoal. Seja ao lado da minha família ou sozinha. Um deles é viver num mundo em que uma pessoa não precise  ser apenas “a mãe” só porque teve a felicidade de vivenciar essa experiência indescritível que é a maternidade. 
Eu quero ser mãe, mulher, profissional e tudo mais que meus devaneios permitirem!

*Por Carlinha M. - siga nossa página no facebook clicando AQUI e apertando o "curtir"

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