segunda-feira, 18 de maio de 2015

Vai passar!


Calma, vai passar!

Acho que essa foi a frase que mais ouvi desde que descobri minha gravidez: “vai passar”. Se analisarmos bem quantas pessoas costumam nos dizer isso quando percebem que estamos vivendo uma situação comum à gravidez, ao crescimento dos filhos ou à vida conjugal pós- maternidade, vamos descobrir que esse é praticamente um mantra.

Tudo começou com os enjoos, típicos do segundo e terceiro mês de gravidez. Eu me sentia tão mal que não queria nem conversar. Me vendo daquela forma, todos diziam que iria passar. Claro que esse é um ‘conselho’ de pessoas experientes, que viveram aquela situação até mais de uma vez, mas falemos a verdade: quando estamos vivendo algum ‘problema’ é quase impossível ver a frente, enxergar uma luz no fim do túnel, então o “vai passar” começa e te consumir.

Os enjoos obviamente passaram e depois dele muitas outras fases vieram, principalmente com o nascimento do bebê. O recém-nascido que não sabe fazer a pega correta do seio, o puerpério, as noites mal dormidas. Parecia que as pessoas a minha volta tinham sempre a fórmula do “em tanto tempo isso vai passar”. Claro que os números não são exatos, mas as fases costumam acontecer mesmo por um período determinado e duram, em média, a mesma quantidade de tempo, mas volto a dizer, para quem está vivendo, a única sensação é de aquilo será infinito.

Sem contar que nem tudo tem a mesma duração, não é mesmo? “Cada criança tem o seu tempo”, era o que diziam quando o “em tanto tempo vai passar” não funcionava na data esperada.

Lembro-me de uma noite, depois de semanas sem dormir, que comecei a pensar que um dia, bem lá no futuro, meu filho teria que dormir uma noite completa, que ele já saberia falar e que eu explicaria para ele a importância de uma boa noite de sono... quando ele tivesse, sei lá, uns cinco anos. No momento aquilo me proporcionou um alívio tão grande que nem notei que projetei meus planos para dormir uma noite completa cinco anos no futuro!

Aqui em casa, as noites começaram a fazer mais sentido quando meu filho já tinha um ano, exatamente quando começaram outras tantas fases que passariam da mesma forma que essa teve seu fim.

A adaptação na escola foi outro desafio. Acho que escutei tantas vezes o famoso “vai passar” que sonhava com ele e até comecei a dizê-lo para outras mães que se encontravam no mesmo desespero eu.

Com o tempo e as centenas de coisas que vamos vivendo com o crescimento de nossos filhos, muitas delas esquecidas com o passar dos meses, conseguimos entender que, de fato, “vai mesmo passar”. E tudo vai ficando mais leve. Conseguimos até usar a certeza da finitude das fases para encará-las de forma mais natural e menos estressante.


Hoje, tento me controlar para não usar o mantra ”vai passar” com algumas mães que cruzam meu caminho. Mesmo que, na maioria das vezes, seja a única coisa significativa que se possa dizer naquele momento. 

*Por Carlinha M

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