sexta-feira, 29 de maio de 2015

Meu filho e a imunodeficiência


Desde os 3 meses de vida, o Lucas tinha o narizinho trancado  e o pediatra dizia ser normal, eram: “coisas de bebê”. Já aos 7 meses, ele teve uma crise de falta de ar séria, corremos ao pronto-socorro e a pediatra de lá nos disse que era bronquiolite (infecção dos bronquíolos dos bebês causada por vírus), deu antibióticos, corticoides e nos mandou pra casa.

No dia seguinte ele piorou muito, acordou respirando muito mal. Depois de correr atrás de alguém para ficar com minha filha mais velha (com 3 anos e meio na época), segui para o hospital e lá, ele logo foi atendido. A pediatra o levou com urgência para a enfermaria e lá tomou medicações, em seguida, foi internado. Somente após 3 dias de internação, saímos. Nunca me esqueço o dia, 23 de dezembro (tinha certeza que ia encontrar o bom velhinho no hospital)!

Em janeiro, fomos ao pediatra dele que deu o primeiro diagnóstico: APLV (alergia a proteína do leite de vaca). Eu amamentava e dava complemento, troquei a fórmula comum por uma de soja, tirei a proteína do leite da minha dieta e da dele também. Foram meses de tratamento com bombinha, leite de soja, exclusão da proteína do leite e nada. A cada 15 dias, íamos para o pronto-socorro, e lá ele fazia inalação, tomava antibióticos e por aí vai...

Com 11 meses o pediatra resolveu tirar a amamentação e entrar com o Neocate (formula livre de soja e proteína do leite). E com 13 meses, após idas e vindas semanais, ele foi internado pela segunda vez e desta vez permaneceu uma semana inteira.

Saímos de lá e 3 dias depois levei-o numa outra médica (alergologista pediatra), e assim que analisou os exames do Lucas, me disse: “seu filho não tem alergia ao leite, isso é certeza. Mas, vamos fazer uma bateria de exames para descobrir o que de fato ele tem". Sai do consultório e corri no mercado para comprar uma lata bem grande de leite Ninho. Juro que ao pegar a lata, até escorreram lágrimas dos meus olhos. Entretanto, eu mal sabia o que nos aguardava depois.

Os exames ficaram prontos e veio o diagnóstico: “imunodeficiência primária” e a explicação de como seria o tratamento. Primeiro viria a "burrocracia" (isso mesmo: burro-cracia), para conseguir a medicação pela farmácia de alto custo (programa em que o governo fornece medicamentos). Só aí se foram quase 3 meses, depois, pensar em como aplicar a medicação num bebê de 1 ano e meio durante 6 horas na veia!

Resolvi então, acordar de madrugada e ficar brincando com ele na sala até que dormisse no hospital  durante parte da aplicação (deu super certo sempre), mas toda vez que íamos "pegar a veia "era um sofrimento. Como era pequeno, várias vezes se fazia necessário pegaram a veia do pezinho e pedia ao meu marido que ficasse com ele, pois todo aquele sofrimento doía em mim e eu acabava chorando junto... Com o tempo conhecemos o enfermeiro certo que o entretia com brincadeira e até beijava sua mãozinha quando "furava" a veia. Assim, seguimos mais de 2 anos nesta luta. No começo, ele chegou a tomar 8 antibióticos em apenas 1 ano, e em dezembro de 2013 fizemos a última aplicação. Ele foi liberado apesar de ainda ter imunodeficiência, e no ano passado tomou apenas 1 antibiótico.

Hoje, ele está super bem, lindo, saudável e esperto... Ainda tenho certo receio de quando fica resfriado, mas por outro lado, tenho muito a agradecer a Dra. Michele que descobriu cedo o que ele tinha, afinal, nem todos tem esta mesma sorte...


*Por Jan M. - siga nossa página, clicando aqui e apertando "curtir"

Nenhum comentário: