sábado, 21 de maio de 2016

Mãe e Solteira

Éramos uma dupla bacana. A gente se dava bem, muito bem! Na cama, na conversa... um dos caras mais engraçados que já conheci. Aquele por quem teria largado a vida de solteira baladeira, por quem pararia de fumar e beber só para me dedicar ao novo vício do amor.  

O primeiro beijo foi meio sem querer, depois de uma noite de muita cerveja! E me fez tão bem! Me apaixonei perdidamente. Em pouco tempo, ele já frequentava minha casa, convivia com minha família, dirigia meu carro e meu coração. 


Photo by Dan Campos

Mas, em seguida, me deu a primeira rasteira. Disse que era melhor nos afastarmos porque estávamos nos vendo demais, estávamos próximos demais e eu, mesmo apaixonada, obedeci. Voltei a curtir a vida, que afinal de contas era o que eu sabia fazer. Nunca mais liguei. Não fui atrás.  

Depois de alguns meses, quando eu já estava até conhecendo outra pessoa, eis que ele ressurge das cinzas. Um único beijo e já era. Nos reaproximamos. Me aproximei do filho dele, dos amigos dele. Ficamos mais íntimos, dormíamos e acordávamos juntos. Quando, de repente, ele sumiu de novo!  

Tive que engolir a dor de mais uma partida que, dessa vez, doeu muito mais profundo. Não entendia o motivo. Mas, logo, no Facebook, veio a explicação. Recebi uma atualização de página dele que dizia "Em um relacionamento sério com...”. Um mês depois desse primeiro “baque”, o segundo...“Vou ser pai!”. 

Mesmo sem chão tentei seguir minha vida, virar a página. Até que fui surpreendida com um “oi” no whatsapp. Respondi... “chamou por engano?” Mas, então ele disse que sentia minha falta, que ainda gostava de mim e que precisava me ver. Meu coração bateu a mil por hora! Eu disse que era melhor não... ele insistiu. Eu fui no encontro. 

Chorei, abri meu coração. Falei de todo o meu amor. De toda a minha dor. Da minha necessidade de ter ele nos braços para sempre, não só por uma noite. Nos amamos loucamente. Voltei para casa nas nuvens! 

Vinte dias depois, um novo susto... eu também estava grávida! Foi o maior medo que senti na vida. Respirei. Encontrei com ele pessoalmente para dividir a notícia. Foi a última vez que nos vimos.

Ele me pediu para aguardar os 3 primeiros meses para poder contar para namorada que eu também estava grávida. Eu concordei, afinal de contas, a moça não tinha culpa de nada e sofreria muito! Ele manteve contato nesse período, perguntava se estava tudo bem, se eu tinha parado de fumar e de beber... 

Até o dia que a namorada finalmente soube da minha gestação. Então ele começou a mudar o discurso, a questionar a minha gravidez, as minhas intenções... perguntou até se eu tinha tomado remédio para ajudar a engravidar. Enfim... não nos falamos mais! 

Meu bebê nasceu (um mês depois do bebê da namorada dele) e ele só me ligou no hospital para me cobrar o exame de DNA. Exame que ele teve 9 meses para pedir. Não! Eu não aceitei fazer porque era humilhação demais. Se ele desconfiava tanto da paternidade porque não pediu no dia que contei sobre a gravidez? Eu respondi que era melhor ele viver a vida dele e que eu viveria a minha. Afinal, ele tinha me dado o maior presente de todos... a minha filha! O que realmente importava.

Registrei minha bebê só no meu nome. Doeu absurdamente e dói até hoje. Sempre que vejo o documento dela imagino o quanto perdem, pai e filha por conta da covardia dele. Se ele soubesse o quanto ela se parece com ele... o sorriso, o jeito de olhar... se ele soubesse o quanto ela é sorridente... se ele a visse pessoalmente uma única vez, certamente se apaixonaria! 

Tem gente que ainda me diz: “Pelo jeito você ainda ama ele né?!” E eu sempre respondo: “Amo, amo muito, com toda a força que tem no meu coração, mas amo aquele cara de quando o conheci. O cara de sorriso fácil e engraçado, que adorava cerveja e uma boa partida de poker na companhia dos amigos. O cara que me fez perder o rumo. Desse outro cara que ele se tornou, sinceramente, eu quero é distância! ” 

O que me conforta é que minha filha é uma criança feliz e sua alegria transborda por toda a casa. Hoje todo o amor que ela tem no coraçãozinho dela é para mim. Todo sorriso que ela dá é meu. E é a mim que ela chama quando tem medo. Meu grande e verdadeiro amor.

Mas, sim, convivo com um medo absurdo do futuro... e se minha filha sofrer? E se eu não der conta? E se ela se virar contra mim? Já chorei, chorei muito, mas cheguei à conclusão que preciso viver um dia de cada vez e que se eu não acreditar que meu amor será suficiente, quem vai acreditar? Conto com Deus e com os meus pais, que são loucos pela neta, nessa caminhada. 

A mãe dele, uma pessoa com o coração do tamanho do mundo, também fez questão de nos apoiar e se aproximar da neta. Uma pena apenas o pai perder tudo isso. Ele ainda não descobriu que quanto mais amor a gente dá, mais a gente recebe! Ele ainda não descobriu que eu e minha filha somos pessoas diferentes e que ele conseguiria amá-la independente de mim. 

Pode ser que um dia ele acorde e queira recuperar o tempo que perdeu na vida da nossa filha, ou não. Preciso estar preparada, mãe solteira precisa estar preparada para tudo.

G.A.
Mãe, solteira e preparada para tudo.

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2 comentários:

Unknown disse...

Querida... Realmente ser mãe solteira não é fácil porém acredito que por orgulho você privou a possibilidade dela ter o pai apartir do momento que se recusou a fazer o teste. Eu no seu lugar faria e ainda esfregaria na cara dele. Aí sim se ele não a procurasse mais, seria um problema dele. Enfim... Tenho uma prima que nunca teve um pai. Com 18 anos ela pediu o teste de dna para o homem que sua mãe dizia ser o pai e o resultado foi que ela ganhou uma nova família.

Blog Muito Além das Fraldas disse...

;-)obrigada por comentar e deixar o seu conselho.. #MuitoAlemdasFraldas