quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Meu Filho não fala(va)



Meu filho é o primogênito (por parte de mãe), primeiro neto e nasceu após um longo período sem bebês na família. Ele veio ao mundo num momento conturbado de nossas vidas, com uma situação de homecare (cuidados hospitalares) implantado na casa de minha mãe, para onde havíamos nos mudado para ajudá-la a cuidar de meu padrasto que havia sofrido um AVC e estava acamado.

Talvez por isso ele tenha “sofrido” uma proteção maior que os primeirinhos costumam passar? Acho que não! Claro que, como boa Ariana, eu também sou uma leoa e o defendia e protegia muitas vezes até demais.... mas o fato é que meu filho não falava. Ele andou cedo, acabou não gatinhando. Sua parte motora era muito bem desenvolvida e quando ele fez um ano de idade, esperava ansiosa pelo primeiro mama, pela imitação dos bichinhos, pelo famoso “dá”. Mas... nenhuma palavrinha saia daquela linda boquinha. O tempo foi passando e cada dia eu me preocupava mais. Aos 1 ano e 3 meses ele começou a ir para a escola. Assim como todos os profissionais envolvidos com educação e saúde com quem eu me deparava, me disseram que eu precisava esperar o tempo dele, que a convivência com outras crianças iria estimulá-lo e que, em breve, eu pediria para ele ficar quieto, de tanto que ele faria.

Conforme o tempo passava, eu ficava mais desesperada. Comecei a procurar sobre possíveis problemas neurológicos relacionados a ausência de fala e também sobre formas de estimular a criança a falar. Nada funcionava! Passava noites na internet lendo sobre autismo, sobre bilinguismo (meu marido fala espanhol como língua nativa) e sobre ouvidinhos entupidos de cera que dificultavam a fala dos pequenos. Diversas hipóteses foram levantadas: preguiça, duas línguas em casa, estudos que indicam que não gatinhar está associado ao atraso da fala... podia ser qualquer coisa!

Lia relatos de mães com filhos de 1 ano e meio que falam APENAS 10 palavras. Elas perguntavam se era normal falar tão pouco, enquanto eu implorava por apenas um “qué”. Uma sílaba!!!

Minha família tentava me acalmar e meu marido sempre dizia que eu “queria que ele estivesse doente”. Meus amigos evitavam perguntar porque viam como aquilo me deixava arrasada. Eu realmente devia estar insuportável porque era o único tema sobre o qual eu conversava. Quando ele completou 2 anos eu decidi que era hora de procurar uma fonoaudióloga. Coincidentemente a escola me enviou uma avaliação feita pela fono que trabalha com os alunos, me orientando a procurar um profissional pois meu filho “não tinha a fala compatível com idade”. Isso eu já sabia!

Não sei se foi sorte ou destino, mas a fono que encontrei para meu filho caiu na minha vida como um anjo. Ele, tímido do jeito que é, se apaixonou por ela. Entrava para as sessões sozinho e até chorava na hora de ir embora porque queria mais. Me senti aliviada por isso não ser um fardo para ele. Eu queria que o processo fosse natural, que ele se sentisse feliz, que pudesse ver como falar era algo bom. O autismo foi descartado logo de cara. Meu mundo se reconstruiu. Ter encontrado esse anjo me tranquilizou. Eu sabia que meu filho ainda não falava mas também tinha certeza que estava oferecendo para ele o meu melhor. Eu não queria negligenciar com a saúde do meu pequeno. Eu não sabia o que encontraria na primeira consulta, mas tinha certeza que ignorar a possibilidade dele ter algum problema, seria mais fácil pra mim, mas certamente tiraria dele a chance de uma vida melhor.

Quatro meses de terapia haviam se passado. Um dia (sim, do dia pra noite) ele começou a dizer “amama” e procurar por mim enquanto andava pela casa. Passou a imitar o som dos animais e surpreendentemente falava até “Peppa Pig”. Eu não podia acreditar! Fui invadida por uma felicidade que não saberia descrever. Ele passou a dizer todas vogais, papai, aqui e até a cantar. Hoje, depois de uma semana, ele já tem um vocabulário extenso (risos) de umas 10 palavras (e eu acho maravilhoso!!! risos). 

Sei que ele está muito longe do que as crianças com a mesma idade falam por aí, mas o tempo dele chegou, eu o apoiei da melhor forma possível e com o maior amor que tenho em mim. E vamos continuar essa caminhada juntos. Cada palavra nova será celebrada assim como os primeiros passos e estou segura para ajudá-lo nessa nova caminhada pelo incrível mundo dos sons e letras, estamos apenas gatinhando!

Carlinha Mello
Jornalista, Empresária e mãe de Duniel (2 anos)

Amante da boa cozinha, Carlinha criou com mais duas amigas a Carlota Joaquina Gourmet, especializada em delícias gourmet para agradar toda a família, inclusive os pequenos. Comida de mãe, sabe? hum hum hum


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foto original retirada do site becomehairsalon.com/

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