domingo, 29 de março de 2015

E quando a notícia vem nas pontinhas dos pés?


Pois é!
Foi assim que eu recebi a notícia de que estava grávida novamente.
Para não dizer que veio sem querer (acho pesado o termo); aprendi com uma amiga que o meu caçulinha chegou nas pontinhas dos pés: veio sem avisar!
E agora? O que eu faria com toda essa transformação na minha vida... Tudo novamente? 

Quanto mais eu conversava com as amigas, mais eu me perdia.
Quando era verdadeira demais nos meus devaneios, era censurada.
A frase mais clássica que ouvi durante esse tempo foi: "filho é benção, você tem que ficar feliz!".
Concordo com a primeira parte da frase, mas a segunda me incomoda um pouco mais.

Porque eu tenho que ficar feliz? E se ao invés de feliz, eu ficar simplesmente chocada? Sim, chocada!
Afinal a vida em questão, que mudaria por completo, seria a minha.
Sim, só a minha!

Os pais que me desculpem, mas pai fantástico é "aquele que dá uma ajuda". Agora a mamãe aqui era o centro da situação, eu precisava dar conta com ou sem ajuda, afinal o bebê estava dentro de mim e quando nascesse era para os meus braços que ele viria.

Era eu quem passaria os próximos meses engordando, enjoando e sim tudo isso ao mesmo tempo em que me sentiria plenamente feliz!!!
Parece loucura, mas tudo isso e mais um pouco envolve a maternidade.

Gestar não é só esperar.
 É preciso que você se prepare durante os nove meses para estar pronta para o bebê que vai chegar.
Eu sei, jamais estaremos prontas, mas no meu caso, era a segunda vez... eu não queria cometer os mesmos erros. Tudo bem quanto a cometer novos erros, mas os mesmos... eu não me permitia!

Começando pelo parto, eu queria que fosse diferente, queria parto humanizado. Uau e que busca essa! Difícil num país que desencoraja esse tipo de parto, mas percorri todo o caminho até atingir o fim que eu desejava e ponto para nós!
Sim, nós! Eu e o bebê conseguimos, depois de 13 horas de um difícil parto normal, nos encontrarmos.
Foi lindo! Não como a maioria dos relatos que eu li, porém. Foi difícil, dolorido, por alguns momentos pareceu impossível, mas foi a nossa história possível, que ali, naquele momento, começávamos a construir.

E os meses que se seguiram ao nascimento também foram assim, cheio de questões novas, inéditas! Coisas do caçulinha que chega "causando".
Até alergia à proteína do leite enfrentamos.

E não, eu não gosto da fase que compreende os dois primeiros meses.
Fico exausta, pareço perder o controle de mim. Perco a identidade, perco a sanidade! E sim, eu me irrito quando dizem para aproveitar pois passa rápido! Oi? Aproveitar noites em claro e dias desesperadamente cansativos? Obrigada, mas a minha vez eu passo!

Quero que esse tempo voe! Se pudesse pularia essa fase!
Agora sim, passada essa avalanche volto a ser eu, mas agora sou um "eu" melhor!
Tenho nos braços um gordinho delicioso que aperto e brinco muito, pois sei que essa fase passa rápido e daqui a pouco ele já será um mocinho!

Então, não me digam que uma fase é boa quando não é! Não me censurem quando eu disser a minha verdade, afinal tem quem realmente goste muito da fase dos recém-nascidos.

Me digam a verdade, somente a verdade.
Me contem que passada essa fase desesperadora eu vou morrer de amores por cada sorriso, vou inflar de orgulho quando souber exatamente o que esse pequeno ser quer e precisa!

Ah, que maravilha ser mãe, que maravilha ter filhos ao nosso redor!
Contudo não me digam que esse caminho não tem tropeços, espinhos e, por favor, não me julgue se por vezes eu desabar.
Seja o apoio no caminho, a mão a me levantar.
E quando alguém me perguntar sobre tudo isso, direi que é a coisa mais maluca a se fazer: você vai perder a tranquilidade, a independência e até mesmo a mobilidade, mas vai ganhar o maior amor do mundo, a paz que habita em cada sorriso e depois de experimentadas essas sensações, esquece... Você não vive sem!!!

E se você perguntar sobre se aventurar nessa loucura eu vou dizer que, sem eles eu não sou mais eu... porque eles mudaram quem eu fui! 

 *Por Hellen M.

Um comentário:

Denise Vieira disse...

Que amor esse texto! Tão verdadeiro! A gente mesmo se cobra tanto para que tudo pareça perfeito e a gente se sinta inteiramente feliz, quando, na verdade, chega bem na pontinha dos pés mesmo...