Por alguns anos,
trabalhei em escolas especiais e sempre encontrei pais que facilitavam a vida
dos educadores, no caso eu. Ou dificultavam todo o trabalho a ponto de não
haver progresso na educação dos filhos.
Na primeira escola em
que trabalhei, a maioria dos alunos eram autistas. E alguns muito agressivos
que precisavam de contenção medicamentosa, inclusive. No entanto, algumas mães
insistiam em não medicar por simples dó ou até mesmo por medo, entretanto, uma
das características do autismo é a autoagressão (quando machuca a si mesmo) e
heteroagressão (quando machuca o outro), e é lógico que quando o aluno entrava
numa crise agressiva, acabava atrapalhando o andamento da aula, prejudicando,
portanto ele mesmo e os demais alunos.
Tive uma aluna com
hipotonia facial (flacidez na face), cujo sintoma a atrapalhava na fala. Para
isso, a fonoaudióloga orientou que déssemos alimentos em pedaços pequenos a fim
de treiná-la, mas sua mãe nunca nos permitiu fazer este tratamento,
dificultando assim todo o nosso trabalho e a evolução de sua filha.
Quando os pais são
parceiros, tudo fica mais fácil. Por outro lado, entendemos que não é fácil
para os pais aceitar e impor limites, ainda mais em se tratando de crianças
especiais.
Trabalhei também no
caso de uma outra menina com um sério comprometimento físico e mental.
Lembro-me que no intuito de socializa-la (porque era muito comprometida), a
diretora da escola a colocou nas aulas de canto. E mesmo com o tempo, a menina
não interagia com as aulas, mas com a ajuda da família, ela começou a sorrir
quando falávamos com ela. Pode não parecer muita coisa, mas quando uma criança
dessas sorri, para nós da educação especial, é muito! Afinal, aquela garota cuja
mãe ainda chamava de “meu bebê” com 13 anos, parou de colocar a mão inteira na
boca (que chegava a ferir) só porque começamos a chama-la de “mocinha”. Para
isso, a ajuda da mãe foi importantíssima. Pedi que não chamasse mais a filha de
bebê e atendeu prontamente. Mandava até lanchinhos que a filha com o tempo acabou
aprendendo a comer sozinha, ou seja, contribuiu com o nosso trabalho e o
resultado pode ver com o progresso da filha dela!
Esta sincronia entre pais
e escola é o que existe de mais positivo para um aluno, seja ele especial ou
“normal”. Por isso, incentivo as mães a ajudarem em tudo e colaborarem com o
trabalho que fazemos em prol de seus filhos. A melhora é progressiva, depende
de tempo. Mas com ajuda e colaboração, todo esforço vale à pena!
*Por Jan. M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário