Pois é!
Foi assim que eu recebi a notícia de que
estava grávida novamente.
Para não dizer que veio sem querer
(acho pesado o termo); aprendi com uma amiga que o meu caçulinha chegou nas
pontinhas dos pés: veio sem avisar!
E agora? O que eu faria com toda essa
transformação na minha vida... Tudo novamente?
Quanto mais eu conversava com as amigas, mais eu me perdia.
Quando era verdadeira demais nos meus
devaneios, era censurada.
A frase mais clássica que ouvi
durante esse tempo foi: "filho é benção, você tem que ficar feliz!".
Concordo com a primeira parte da
frase, mas a segunda me incomoda um pouco mais.
Porque eu tenho que ficar feliz? E se
ao invés de feliz, eu ficar simplesmente chocada? Sim, chocada!
Afinal a vida em questão, que mudaria
por completo, seria a minha.
Sim, só a minha!
Os pais que me desculpem, mas pai
fantástico é "aquele que dá uma ajuda". Agora a mamãe aqui era o
centro da situação, eu precisava dar conta com ou sem ajuda, afinal o bebê
estava dentro de mim e quando nascesse era para os meus braços que ele viria.
Era eu quem passaria os próximos
meses engordando, enjoando e sim tudo isso ao mesmo tempo em que me sentiria
plenamente feliz!!!
Parece loucura, mas tudo isso e mais
um pouco envolve a maternidade.
Gestar não é só esperar.
É preciso que você se prepare durante os nove
meses para estar pronta para o bebê que vai chegar.
Eu sei, jamais estaremos prontas, mas
no meu caso, era a segunda vez... eu não queria cometer os mesmos erros. Tudo
bem quanto a cometer novos erros, mas os mesmos... eu não me permitia!
Começando pelo parto, eu queria que
fosse diferente, queria parto humanizado. Uau e que busca essa! Difícil num
país que desencoraja esse tipo de parto, mas percorri todo o caminho até
atingir o fim que eu desejava e ponto para nós!
Sim, nós! Eu e o bebê conseguimos,
depois de 13 horas de um difícil parto normal, nos encontrarmos.
Foi lindo! Não como a maioria dos
relatos que eu li, porém. Foi difícil, dolorido, por alguns momentos pareceu
impossível, mas foi a nossa história possível, que ali, naquele momento,
começávamos a construir.
E os meses que se seguiram ao
nascimento também foram assim, cheio de questões novas, inéditas! Coisas do
caçulinha que chega "causando".
Até alergia à proteína do leite
enfrentamos.
E não, eu não gosto da fase que
compreende os dois primeiros meses.
Fico exausta, pareço perder o
controle de mim. Perco a identidade, perco a sanidade! E sim, eu me irrito
quando dizem para aproveitar pois passa rápido! Oi? Aproveitar noites em claro
e dias desesperadamente cansativos? Obrigada, mas a minha vez eu passo!
Quero que esse tempo voe! Se pudesse
pularia essa fase!
Agora sim, passada essa avalanche
volto a ser eu, mas agora sou um "eu" melhor!
Tenho nos braços um gordinho
delicioso que aperto e brinco muito, pois sei que essa fase passa rápido e
daqui a pouco ele já será um mocinho!
Então, não me digam que uma fase é
boa quando não é! Não me censurem quando eu disser a minha verdade, afinal tem
quem realmente goste muito da fase dos recém-nascidos.
Me digam a verdade, somente a
verdade.
Me contem que passada essa fase
desesperadora eu vou morrer de amores por cada sorriso, vou inflar de orgulho
quando souber exatamente o que esse pequeno ser quer e precisa!
Ah, que maravilha ser mãe, que
maravilha ter filhos ao nosso redor!
Contudo não me digam que esse caminho
não tem tropeços, espinhos e, por favor, não me julgue se por vezes eu desabar.
Seja o apoio no caminho, a mão a me
levantar.
E quando alguém me perguntar sobre
tudo isso, direi que é a coisa mais maluca a se fazer: você vai perder a
tranquilidade, a independência e até mesmo a mobilidade, mas vai ganhar o maior
amor do mundo, a paz que habita em cada sorriso e depois de experimentadas
essas sensações, esquece... Você não vive sem!!!
E se você perguntar sobre se
aventurar nessa loucura eu vou dizer que, sem eles eu não sou mais eu... porque
eles mudaram quem eu fui!
*Por Hellen M.
Um comentário:
Que amor esse texto! Tão verdadeiro! A gente mesmo se cobra tanto para que tudo pareça perfeito e a gente se sinta inteiramente feliz, quando, na verdade, chega bem na pontinha dos pés mesmo...
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