Era uma segunda-feira comum de
trabalho e acabei esticando mais um cadinho para terminar um job que estava “enroscado”,
dei ainda uma paradinha para provar um bolo de maçã caseiro delícia feito pela
minha colega de baia. Na última bocada, uma olhadela no relógio e um sobressalto:
Hoje é meu Dia de pegar as crianças na escola!!!
Gelei, o bolo parou no esôfago com o susto... desliguei rapidamente o computador e sai literalmente correndo da
mesa. Era exatamente 18h30, o horário limite que eu deveria estar lá para buscá-los.
Decidi pegar um táxi e, nessa hora, sorte minha se tivesse algum no ponto.
Levantei os braços aflitos para o
motorista ainda no outro lado da rua, entrei rapidamente no carro e disse... não
disse nada! A fala travou e comecei a chorar. O taxista olhou para mim
piedosamente e respondeu “Respira. Respira e me fala aonde vamos.” Respirei e consegui
forças para dizer o endereço da escolinha.
Ele apertou a acelerador e seguiu
cortando alguns carros. Fazia o possível para não parar no farol vermelho e...
epa...acho que ele realmente está achando que morreu alguém da minha família. E
agora? Falo ou não falo que eu sou só uma mãe surtada porque esqueceu o horário
de pegar as crianças na escola?
Se eu contar, depois de todo o
esforço dele em me levar rapidamente ao destino, acho que me joga pela janela
do carro. A não ser que ele seja, além de um ótimo motorista, também um pai
solidário. Capaz que não...
Mas vou falar mesmo assim... e me
preparo para dar a notícia – corajosamente (e envergonhadamente)- ensaio o
discurso: “Moço, sou só uma mãe neurótica e descabelada, além de super culpada
por ter esquecido as crianças na escola.”
Contudo, engulo seco e só consigo
dizer “Moço, pode parar aqui. Muito, muito obrigada”. Desci no farol, dei uma
caixinha gorda e continuei a corrida tropeçando no salto.
Cinthia Fontoura
Mãe de 3
Nenhum comentário:
Postar um comentário