Quando tive minha filha mais velha, há 18 anos, não tínhamos acesso à internet. As poucas informações que tínhamos vinham das revistas como Pais e Filhos e Crescer. As opiniões que escutávamos eram das nossas mães e tias, ou de amigas que tinham filhos. E era tudo tão, mas tão mais fácil e leve.
A gente se preocupava com menos coisas, não tinha tanto julgamento, seguia os próprios instintos. E deu tão certo para mim. Minha filha é simplesmente um doce de pessoa, nunca me deu trabalho. Super saudável.
9/52 – Mom’s Hug by Gordon (Flickr CC BY-SA 2.0)
Estava me lembrando que sempre a ninei para dormir e ninguém me criticava por isso. E ela dormia no meu colo até os 5 anos. Eu me sentava no sofá, colocava um travesseiro no braço do sofá e ela se deitava assim no meu colo até dormir e eu ou pai a levávamos para a cama. Nunca ninguém chegou para mim e disse: "não pode, ela tem que dormir sozinha, precisa ser independente". Ou então "não pode, você precisa ter criação com apego e fazer cama compartilhada".
Ninguém falava nada. E eu não tinha nenhum conflito com isso. Era leve e natural. E ela, depois dos cinco anos, passou a ir para a cama sozinha. E ela cresceu e eu sinto uma saudaaaade de quando ela dormia no meu colo.
Hoje tenho um casal de gêmeos de um ano. Todos se intrometem. Eles são ninados para dormir assim como a irmã foi. E sempre que falo isso alguém vem com um "você é louca, eles já deviam dormir sozinhos". Ou "eles precisam ser independentes".
E então eu penso: eles vão crescer e vão dormir sozinhos. EU não vejo mal nenhum em dormir sendo embalado com o meu calor ou o do pai. Com uma canção doce de ninar. Com beijinhos leves e cheios de amor.
Sei que quando crescerem serão independentes como a irmã mais velha e eu vou sentir a mesma saudade que sinto dela quando ainda tudo o que precisava era meu colo. E mesmo sabendo disso tudo, os dedos apontados são tantos que me questiono se estou certa.
Acho a maternidade de agora muito mais sofrida e angustiante do que antes.
Vanessa Talarico
Jornalista, mãe de Giovanna (18 anos) e dos gêmeos Alice e Benício (1 ano)
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