Quando me casei, há mais ou menos cinco anos,
decidimos fazer algo pequeno, um miniwedding. Queríamos convidar apenas as
pessoas que eram importantes para a nossa história, além do que a família do
meu marido mora no exterior e não poderia vir para a festa. Mesmo tudo sendo
discreto e para poucos, alguns preparativos como a decoração e o vestido
exigiram visitas a algumas empresas e profissionais. A partir do momento que
comecei a organizar meu casamento me tornei: “a noiva”. Aquilo de certa forma
me incomodava. Poxa, eu tinha nome!
Acredito muito na força
que tem o nome das pessoas, é por isso que quando chegou a hora de escolher o
nome do meu filho, sempre acreditei que essa eleição não poderia ser feita ao
acaso e mesmo o sobrenome teria que transmitir de fato aquilo que desejaríamos
que ele tivesse registrado em suas raízes.
Acabei de conformando
com o fato de ser “a noiva”, afinal os meses se passaram, o casamento chegou, e
tudo que envolvia os preparativos acabou, me deixando ser novamente “ a Carla”
ou “Carlinha” como prefiro que me chamem os amigos.
Essa ‘felicidade’
terminou quando meu filho nasceu. Já na maternidade nós, eu e meu marido, nos
tornamos “a mãe” e “o pai”. Mas tudo ficou ainda mais forte e evidente quando
colocamos o pequeno na escola. Lá, todo mundo é tio ou tia.
Lembro-me quando levei
meu filho para o primeiro dia de adaptação. Fazia questão de perguntar e
memorizar o nome de todos os profissionais que ali trabalhavam, afinal eles
lidariam com meu filho quase todos os dias e, o mínimo que eu poderia saber,
seria o nome de cada um deles. Ficava tentando fazer associações com pessoas
conhecidas para não esquecer um só nome sequer, mesmo que todos eles viessem
precedidos de “tio” ou “tia”. Achei que com o tempo aquela generalização
passaria e que as pessoas se chamariam pelos seus nomes...ledo engano! Até
entre eles, os profissionais que trabalham na escola, todo mundo é tio ou tia.
Pode até parecer um
pouco de maluquice todo esse bla bla bla, mas perder minha identidade e me
tornar apenas mãe de certa forma me incomoda. Até em casa passamos a ser mamãe
e papai. Aproveito pra dizer que amo ser mãe e meu filho é a coisa mais
especial desse universo, mas parece que ser apenas mãe num universo tão grande
pode ser ainda mais reforçador de um comportamento onde a mãe vive
integralmente para o filho e não tem um minuto sequer para se dedicar a ela
mesma.
Os instantes em que
penso em mim ou em algo que eu gostaria de fazer se tornaram raros depois que
meu filho nasceu, mas quando alguém me chama pelo meu nome ou me trata como
alguém que é mais que apenas “a mãe” com certeza me faz lembrar sonhos e
objetivos que ainda quero alcançar, seja na minha carreira profissional ou na
vida pessoal. Seja ao lado da minha família ou sozinha. Um deles é viver num
mundo em que uma pessoa não precise ser
apenas “a mãe” só porque teve a felicidade de vivenciar essa experiência
indescritível que é a maternidade.
Eu quero ser mãe, mulher, profissional e
tudo mais que meus devaneios permitirem!
*Por Carlinha M. - siga nossa página no facebook clicando AQUI e apertando o "curtir"
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